Relações voláteis marcam a trajetória política no estado, com reconciliações que desafiam a coerência partidária
Porto Velho, RO – A política de Rondônia se assemelha a um ciclo de alianças efêmeras e rivalidades intensas que, em um momento, parecem irreversíveis e, no seguinte, se transformam em abraços públicos e juras de perdão. O histórico recente do estado comprova que inimizades políticas podem ser passageiras, principalmente quando há interesses eleitorais em jogo. Os casos do senador Confúcio Moura (MDB) e do deputado estadual Luizinho Goebel (Podemos) ilustram essa dinâmica volátil.
Confúcio Moura, que governou Rondônia por dois mandatos (2011-2018), enfrentou uma intensa disputa interna dentro do MDB ao lançar-se candidato ao Senado em 2018. O então senador Valdir Raupp, figura influente no partido, não aceitou pacificamente a ascensão de Confúcio. O clima pré-convenção foi marcado por tensão extrema entre aliados, culminando no episódio em que Tomas Correia, próximo a Raupp, agrediu Emerson Castro, chefe da Casa Civil na gestão de Confúcio, com um tapa. Naquele momento, parecia impossível imaginar qualquer tipo de aproximação entre os grupos.
Recentemente, o agora senador Confúcio declarou que Valdir Raupp faz falta à política de Rondônia e que gostaria de vê-lo de volta ao cenário eleitoral. A reconciliação demonstra que, na política rondoniense, desavenças são superadas à medida que interesses convergem. Moura também se aproximou do PT, elogiou publicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fez críticas à extrema-direita. Seu movimento pode ser interpretado como uma tentativa de pavimentar uma possível candidatura ao governo estadual em 2026, em um estado onde mais de 70% dos eleitores apoiaram Jair Bolsonaro (PL) no último pleito presidencial.
AS ÚLTIMAS DO INFORMA RONDÔNIA
++++
A história de Luizinho Goebel segue uma lógica semelhante. Durante o primeiro mandato do governador Marcos Rocha (União Brasil), entre 2019 e 2022, Goebel era um dos principais aliados do governo na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), atuando como líder da base. No entanto, em 2022, ele abandonou Rocha para apoiar Marcos Rogério (PL), adversário do governador na disputa pelo comando do estado. A decisão não apenas rompeu a aliança política, mas também gerou ataques diretos, com Goebel criticando Rocha publicamente.
Anos depois, em fevereiro de 2025, Luizinho Goebel fez um pedido público de desculpas ao governador durante um evento oficial, reconhecendo que chegou a ofendê-lo no âmbito pessoal. “Às vezes eu até faltei com respeito com o senhor, como cidadão, não como governador, não como coronel”, declarou o deputado, que atribuiu sua mudança de postura a uma reflexão tardia. Rocha, por sua vez, respondeu de maneira simbólica: “Perdoado em nome de Jesus!”
Os episódios reforçam que a política rondoniense é pautada mais pela conveniência do que por convicções sólidas. Inimigos se tornam aliados e vice-versa, dependendo do momento eleitoral. Enquanto Confúcio Moura busca se reposicionar para 2026, unindo antigos adversários e ensaiando um discurso mais progressista, Luizinho Goebel, que já se desentendeu com Rocha, agora busca reaproximação.
O jogo político é marcado por pragmatismo. No entanto, a volatilidade excessiva pode custar caro. O eleitorado rondoniense, majoritariamente conservador, observa esses movimentos e pode reagir negativamente a mudanças bruscas de posicionamento. Para os políticos, resta a dúvida: até que ponto esses recomeços são estratégicos e até que ponto podem se transformar em novas rupturas?

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA
COMENTÁRIOS:
NOME: Rubens José Lucas
COMENTÁRIO:
Se não ouver alguns desentendimentos não é política. Acertos e desacertos fazem parte do jogo político.
23/02/2025