EDITORIAL
A fuga do assassino de Alberto Andreoli e a omissão do Estado: e se fosse seu filho?

Criminoso que brutalizou Alberto Andreoli escapa da prisão, expondo falhas do sistema de Justiça de Rondônia

Por Informa Rondônia - quarta-feira, 05/03/2025 - 15h07

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Porto Velho, RO – A fuga de João Luiz da Silva Filho, condenado pelo brutal assassinato de Alberto de Carvalho Andreoli em 2020, não é apenas um incidente isolado. É um retrato fiel do fracasso do sistema prisional de Rondônia, da negligência das autoridades responsáveis e da letargia da segurança pública. João Luiz, um homicida condenado a 22 anos de prisão por um crime de extrema crueldade, simplesmente escapou do Centro de Ressocialização Vale do Guaporé, em Porto Velho, durante um trabalho externo permitido pela legislação.

E se fosse seu filho?

As perguntas que ecoam entre a sociedade e a família da vítima são diretas: como um assassino, com histórico de violência, pôde ter acesso a benefícios que lhe permitiram fugir? Por que um criminoso com ficha criminal extensa, cuja periculosidade foi comprovada nos autos, ainda desfrutava de regalias dentro do sistema penitenciário? E o mais importante: por que até agora o governo de Rondônia, comandado por Coronel Marcos Rocha (União Brasil), não convocou uma reunião pessoal com Paulo Andreoli, pai da vítima, para dar explicações e assumir sua responsabilidade? O que impede o governador de olhar nos olhos de um pai dilacerado pela dor e admitir que o Estado falhou?

E se fosse seu filho?

João Luiz da Silva Filho tem um histórico de violência e reincidência criminal, como atestam documentos judiciais. Um homem com essa ficha não deveria estar em condições de escapar. A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), sob o comando de Marcus Castelo Branco Alves Semeraro Rito, deve explicações: por que esse criminoso não estava sob vigilância rigorosa? Como um matador de sorriso psicopático e debochado, escarnecedor de sua vítima e da dor de seus parentes, condenado, conseguiu simplesmente caminhar para fora do presídio e sumir sem deixar rastros? Se o governo teve êxito em conter ataques de facções criminosas recentemente, por que fracassa na recaptura de um único condenado?

E se fosse seu filho?

A impunidade alimenta a reincidência. João Luiz já demonstrou que não tem limites para sua brutalidade: em 2020, ele esfaqueou Alberto Andreoli repetidas vezes, inclusive segurando-o pelos cabelos enquanto desferia golpes mortais, prolongando ao máximo seu sofrimento. A Justiça considerou a conduta como um homicídio qualificado por motivo fútil e meio cruel, mas a pena foi branda. Apenas seis anos depois, ele já estava prestes a obter progressão de regime. Como pode um homem que assassinou friamente outro ser humano ser beneficiado por brechas na legislação? A falha aqui não é apenas do sistema prisional, mas de um conjunto de decisões judiciais e governamentais que desconsideram o impacto da violência na vida das vítimas.

E se fosse seu filho?

O secretário de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec/RO), Coronel Felipe Bernardo Vital, precisa responder: onde está a força policial que deveria garantir a captura desse criminoso? Quais são as estratégias para evitar que João Luiz permaneça foragido? O vice-governador Sérgio Gonçalves, que representa diretamente o governo nas ações de segurança e justiça, deve explicações sobre o plano imediato para prender novamente esse assassino. Até agora, tudo que se tem é silêncio e promessas vagas.

E se fosse seu filho?

Há, no entanto, uma dimensão ainda mais dolorosa nessa tragédia. Alberto não foi assassinado em qualquer lugar. O sangue do filho de Paulo Andreoli manchou o solo do Rondoniaovivo, o portal de notícias que, há 20 anos, se consolidou como referência no jornalismo rondoniense. O site não é apenas um veículo de comunicação. Ele faz parte da história do estado. Prêmios conquistados, honrarias recebidas, denúncias que sacudiram as estruturas do poder. A marca da coragem e da verdade. E foi justamente por isso que já foi alvo de terroristas, que dispararam contra a sede da empresa, numa tentativa de calar sua voz. Mas nunca conseguiram.

O Rondoniaovivo está enraizado na vida do rondoniense. É o orgulho maior de Paulo Andreoli e sua equipe. Mas, ironicamente, o local onde o jornalista dedicou décadas de trabalho à informação e à transparência se tornou palco do episódio mais sombrio de sua vida. Uma brutalidade que não apenas ceifou a vida de seu filho, mas impôs a ele uma sentença perpétua: vincular seu legado à perda irreparável.

E se fosse seu filho?

A Justiça é falha. As leis são falhas. E as autoridades falharam. Mas é preciso ter coragem para admitir o erro e agir com firmeza. É preciso que o governador Marcos Rocha, o vice-governador, o secretário da Sejus e o secretário da Sesdec se coloquem no lugar de Paulo Andreoli e sua família. Eles precisam entender a dor de perder um filho da forma mais brutal possível e, ainda assim, ver o responsável caminhar livremente pelas ruas. Não basta emitir notas protocolares ou discursos vazios. É necessária ação. É necessário compromisso real. É necessário, acima de tudo, garantir que João Luiz da Silva Filho volte para o cárcere e permaneça lá pelo tempo que a lei determina.

E se fosse seu filho?

Rondônia tem uma dívida com essa família. Tem uma dívida com o Rondoniaovivo, com tudo o que essa instituição representa para o estado. E é chegada a hora de honrá-la. Se o Estado falhou em impedir sua fuga, agora precisa provar que ainda tem forças para corrigir essa falha. Paulo Andreoli, sua família e toda a sociedade merecem mais do que promessas. Merecem Justiça.

E se fosse seu filho?

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





COMENTÁRIOS:

NOME: Antonio Acácio Moraes do Amaral

COMENTÁRIO:

Excelente Matéria Jornalística!, quem é pai tem consciência da dor de perder um filho, brutalmente assassinado

05/03/2025