Millennials: a geração que vivenciou a transição do analógico ao digital

Geração que viveu a transição do analógico para o digital redefine hábitos, valores e impacta o futuro

Por Informa Rondônia - terça-feira, 03/12/2024 - 15h23

Porto Velho, RO – Os millennials, nascidos entre 1981 e 1996, ocupam um lugar único na história contemporânea. Eles são a geração que cresceu entre fitas cassete, locadoras de VHS e videogames como Super Mario Bros., mas que, ao chegar à adolescência e vida adulta, testemunhou e abraçou a revolução digital. Essa jornada, que começou em um mundo analógico e desembocou na era da internet, smartphones e redes sociais, moldou não só seus hábitos, mas também suas visões sobre o trabalho, a vida pessoal e a sociedade.

Na infância, a rotina dos millennials era recheada de práticas hoje vistas com nostalgia. As idas às locadoras de vídeo eram um evento, e montar mixtapes em fitas cassete ou organizar CDs era parte da cultura. A comunicação era simples e direta: telefonemas feitos de linhas fixas ou bilhetes passados em sala de aula. Quando o assunto era diversão, os encontros em torno de um videogame como Street Fighter reforçavam o espírito de socialização presencial.

Essa realidade começou a mudar nos anos 1990, quando a internet chegou aos lares acompanhada pelo som icônico da conexão discada. Plataformas como MSN Messenger e Orkut revolucionaram a forma de se comunicar. Os celulares, antes restritos a chamadas e mensagens simples, começaram a ganhar novas funcionalidades, culminando nos smartphones do final dos anos 2000. Os millennials estavam lá, vivendo tudo isso em tempo real.

Essa transição os diferencia das gerações anteriores. A Geração X, nascida entre 1965 e 1980, também presenciou a mudança do analógico para o digital, mas a experiência foi outra. Muitos já eram adultos quando a internet se popularizou, o que fez com que essa tecnologia fosse mais associada ao trabalho do que ao lazer ou à socialização. “A Geração X cresceu durante o auge do analógico e precisou se adaptar ao digital, mas essa transição impactou mais suas rotinas profissionais do que pessoais”, explicou William Strauss e Neil Howe em Generations: The History of America’s Future. Já os Baby Boomers, nascidos entre 1946 e 1964, experimentaram a chegada de tecnologias como a televisão e o telefone fixo, mas a revolução digital ocorreu tarde demais para alterar significativamente seus hábitos.

Por outro lado, as gerações mais jovens, como a Geração Z (1997-2012) e a Alpha (a partir de 2010), já nasceram em um mundo onde a tecnologia digital é onipresente. Para elas, não há memória de uma vida sem internet, redes sociais ou smartphones. Essa diferença coloca os millennials em uma posição única: são a geração que conhece o mundo como era antes e como é agora, servindo como uma ponte cultural e tecnológica.

Culturalmente, os millennials foram moldados por uma era de ouro na música, no cinema e na televisão. Cresceram ouvindo ícones como Michael Jackson e Nirvana e assistindo ao auge do pop com Britney Spears e Backstreet Boys. Nos cinemas, filmes como Jurassic Park e Matrix redefiniram os limites dos efeitos visuais, enquanto novelas como Vale Tudo e O Clone uniam famílias inteiras em frente à televisão.

Mas essa geração não parou na observação — ela moldou o mundo. Foram os millennials que popularizaram as redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter, e impulsionaram movimentos como o e-commerce e a economia compartilhada, com empresas como Uber e Airbnb. Essa abordagem inovadora também impactou o ambiente de trabalho. Simon Sinek, autor de Start With Why, ressalta que os millennials trouxeram novas demandas para o mercado, questionando estruturas tradicionais e buscando propósito e flexibilidade em suas carreiras.

Jeffrey Arnett, psicólogo e criador do conceito de “adultescência emergente” (emerging adulthood), destaca que os millennials estenderam a fase de experimentação da vida, adiando marcos tradicionais como o casamento e a compra de uma casa. Ao mesmo tempo, Jean M. Twenge, em Generation Me, aponta características como maior assertividade e um senso de direito que os diferenciam das gerações anteriores.

Essa complexidade também se reflete em suas relações com a espiritualidade e a sociedade. Comparados a gerações passadas, os millennials tendem a se afastar de religiões organizadas, mas exploram outras formas de conexão e significado. “O uso do termo millennials muitas vezes simplifica o que é, na verdade, uma geração extremamente complexa”, observa Bobby Duffy, especialista em pesquisa social.

Os millennials são os protagonistas de uma transição única na história da humanidade. Eles não apenas testemunharam a mudança do analógico para o digital, mas a vivenciaram em todas as suas nuances. Diferentemente de outras gerações, que experimentaram as transformações de maneira mais gradual ou restrita, os millennials foram profundamente moldados por elas. Hoje, continuam a influenciar o mundo, equilibrando as lições de um passado analógico com a adaptação às demandas de um futuro digital.

No fim das contas, é esse equilíbrio que define o legado dos millennials. Eles não apenas nos lembram de onde viemos, mas também nos mostram como navegar para onde estamos indo. É a história de uma geração que conectou dois mundos.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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