No silêncio solene do Tribunal do Júri, quando tudo parece ruir, apenas uma presença resiste: o amor incondicional de uma mãe
Quando tudo desaba e um homem se vê no banco dos réus, no frio silêncio de um Tribunal do Júri, há uma presença que nunca falha. Não é o amigo que dizia estar junto para tudo, nem os conhecidos que antes se orgulhavam da convivência. Ali, quando a liberdade está em jogo, quando a justiça pesa suas balanças com a maior severidade, só uma continua firme, inabalável: a mãe.
Ela está lá. Sentada entre as fileiras, com os olhos marejados e o coração aos pedaços. Não importa o que os jornais digam, o que os autos relatem ou o que a sociedade murmure. Para ela, aquele que agora responde por um crime ainda é e sempre será o filho que ela carregou nos braços, que ela viu dar os primeiros passos, que ela ensinou a falar, que ela cuidou com o maior amor que existe.
A mãe não está ali para questionar se o filho é culpado ou inocente. Ela está ali porque o amor dela não depende de veredicto. Ela não entende de artigos do Código Penal, nem de estratégia jurídica. Mas entende melhor do que qualquer um de presença. De entrega. De humanidade.
Quando todos se afastam, ela se aproxima. Quando todos apontam, ela acolhe. Quando todos querem punição, ela clama por misericórdia.
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Ela é o elo entre o passado e a esperança. Entre o erro e a possibilidade de recomeço. O que o tribunal julga é o fato. O que a mãe preserva é o afeto.
No meio de promotores que acusam, defensores e advogados que argumentam, jurados que decidem e juízes que sentenciam, há uma figura que não fala, mas que diz tudo com o olhar. A mãe está ali, silenciosa, firme, e só quem já viu essa cena sabe a força que carrega esse amor.
Porque o amor de mãe não é cego. Ele enxerga. Enxerga tudo. Mas escolhe amar mesmo assim. Escolhe continuar. Escolhe perdoar, lutar, esperar. E essa escolha é um ato de coragem talvez o mais corajoso de todos.
No Tribunal do Júri, quando a alma do réu se vê sozinha, ela encontra um abrigo: o olhar da mãe. Ali está a última trincheira, o último colo, a última esperança. E é nesse gesto de não soltar a mão que se revela a essência mais pura do amor humano: o amor incondicional.
Samuel Costa é rondoniense, advogado, professor e jornalista com especialidade em Ciências Política
