Senador reforça apoio ao presidente Lula, critica a bancada bolsonarista e se coloca como único defensor do governo federal em Rondônia, mirando o eleitorado progressista de olho em 2026
Porto Velho, RO – A aproximação das eleições de 2026 parece estar reconfigurando não apenas alianças políticas em Rondônia, mas também o tom adotado por lideranças experientes que resistem à hegemonia do conservadorismo no estado. Em entrevista ao programa Pratas da Casa, apresentado por Rodrigo Moraes e veiculado pela TV Caboquinho, o senador Confúcio Moura (MDB) deixou clara sua intenção de ocupar o espaço da esquerda e do campo progressista, hoje politicamente desidratado em Rondônia. Em tom firme e com declarações incisivas, o parlamentar não apenas reafirmou seu alinhamento com o presidente Lula (PT), como também passou a atribuir adjetivos contundentes aos adversários, chamando o movimento que busca a cassação de ministros do Supremo Tribunal Federal de “fascista”.
“Isso é um movimento fascista, mais ou menos como houve fora, na época do Mussolini. […] Vamos eleger maioria no Senado para melhorar a educação, melhorar a saúde, melhorar a vida do povo brasileiro. Não é para cassar”, disse o senador ao comentar declarações de políticos que propõem compor uma maioria no Senado com o objetivo de afastar ministros como Alexandre de Moraes e Flávio Dino. A fala contrasta com a postura silenciosa adotada por muitos parlamentares da região Norte, que evitam publicamente se posicionar em temas que envolvem o STF ou embates institucionais.
Confúcio também se referiu à polarização política como um obstáculo ao desenvolvimento nacional e voltou a usar termos fortes: “Isso é um sentimento de massificação de uma ideia. O discurso dos polarizados são cinco ou seis assuntos. Eles repetem sempre a mesma coisa.”
O senador tem mantido um tom cada vez mais crítico aos setores que orbitam o bolsonarismo, mesmo sabendo que Rondônia é um dos estados onde a direita conquistou base sólida e ampla maioria eleitoral nos últimos pleitos. Ao comentar a tentativa de ampliar o número de deputados federais, por exemplo, classificou a manobra como “um golpezinho, um acordozinho entre paredes”, e disse que a medida apenas agrava a imagem do Congresso perante a sociedade.
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Em outro momento, defendeu o presidente Lula de forma direta, contrapondo a crítica de que o atual governo estaria retaliando estados opositores. “O Lula não prejudicou o agro em nada. O Plano Safra liberou R$ 470 bilhões para o agronegócio. Não tem boicote”, argumentou, completando: “Na hora dos votos, na hora do apoio, não tem. Só crítica. E, no meu caso, eu sou o único que tem apoiado o governo federal lá.”
Confúcio reforçou que Rondônia não pode se dar ao luxo de recusar ajuda federal. “É uma politização desnecessária”, afirmou ao criticar a ausência de reconhecimento público a Lula por parte de lideranças locais, mesmo em obras financiadas com recursos da União, como a rodoviária de Porto Velho. Segundo o senador, o presidente incluiu todos os municípios rondonienses em novos programas de investimentos e ampliou significativamente o volume de repasses em áreas como infraestrutura e saúde. “No governo anterior, o recurso para a manutenção das rodovias era em torno de R$ 130 milhões. Com o Lula, foi para R$ 600 milhões, quatro vezes mais.”
As falas escancararam um reposicionamento político que vinha ocorrendo de forma gradual, mas que agora assume caráter declaratório. Confúcio não apenas admite apoiar o presidente Lula, como o faz com entusiasmo, adotando inclusive a linguagem de confronto ideológico com a base bolsonarista. Em vez do centrismo silencioso que marcou fases anteriores de sua trajetória, o senador parece disposto a usar sua história pública para dar voz à pequena, porém resistente, ala progressista de Rondônia.
Ao reconhecer que essa guinada pode não agradar a todos, Confúcio assumiu o risco político. “Se eu não fui um bom senador, não votem mais”, disse ao final da entrevista. “Mas se a gente fez um trabalho correto, se a gente tá correspondendo à expectativa, aí vocês analisam.”
Vestindo a camisa da oposição ao bolsonarismo de maneira cada vez mais visível, o senador projeta-se como alternativa sólida para o campo progressista num estado onde poucos têm coragem de remar contra a maré. A aposta de Confúcio Moura é clara: a fragmentação da direita pode abrir espaço para que ele herde o que restou da esquerda em Rondônia — e, com isso, reconstrua uma base capaz de sustentá-lo nas urnas em 2026.
