Empresário da comunicação confirma convite feito pelo ex-governador, ainda inelegível, e comenta bastidores da política rondoniense, falhas da bancada federal e rotina à frente de emissoras e programas populares
Porto Velho, RO – Durante entrevista ao podcast Resenha Política, comandado por Robson Oliveira e veiculado pelo portal Rondônia Dinâmica, o empresário Everton Leoni revelou que recusou ser candidato a vice-governador em 2022 por respeito e admiração ao então governador Marcos Rocha (União Brasil), com quem mantinha relação de lealdade. “Eu não queria ser candidato contra o governador Marcos Rocha”, afirmou. Agora, no entanto, confirmou pela primeira vez em público que foi novamente convidado para compor chapa com o ex-governador Ivo Cassol (PP), ainda inelegível. “O Ivo Cassol me convidou para ser o vice dele. Isso eu estou dizendo para ti pela primeira vez”, declarou.
Segundo Leoni, o convite não foi respondido — nem na eleição passada, nem agora. Ele disse que está no aguardo, mas não tem pressa. “Nem lá atrás eu disse que concordava, que topava, e nem agora. Eu tô de sangue doce, de sangue frio”, disse, ao comentar que Cassol demonstra convicção de que terá seus direitos políticos restabelecidos. Ao ser questionado por Robson se poderia haver retorno à política, o empresário ponderou que tudo depende do cenário jurídico de Cassol. “Seria o Ivo ganhando o primeiro turno na eleição”, afirmou.
Ao longo da entrevista, Leoni ainda revelou bastidores envolvendo o senador Marcos Rogério (PL), que, em conversa recente, teria afirmado que não seria candidato ao governo caso Cassol fosse liberado. “Ele disse que o Ivo tinha que ser governador, porque ele foi o melhor governador. E disse ainda que vota pela liberação do Ivo como candidato. Essas coisas não dá pra voltar atrás”, relatou. Leoni também contou que, em 2022, chegou a ser cogitado por dois pré-candidatos, mas que a aliança partidária do Republicanos, sua sigla, já estava firmada com o União Brasil, o que inviabilizou qualquer composição com Cassol naquela ocasião.
O empresário aproveitou o espaço para criticar a atuação da bancada federal de Rondônia em relação à concessão da BR-364. Segundo ele, tanto parlamentares quanto a imprensa falharam em acompanhar o processo que levou à privatização e à implantação do pedágio. “Os deputados, os senadores tinham que estar atentos a tudo isso e passaram batido. Nós da imprensa também. Muito mais grave é o que imensos do dinheiro público para manter esses gabinetes, e eles se mostram ineficazes e deficientes”, apontou. Ele destacou que o projeto avançou sem ampla divulgação e que até as audiências públicas ocorreram sem a devida visibilidade. “Quando eles perceberam que a coisa já estava consolidada, tentaram reverter a situação e não deu mais.”
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Durante a conversa, Leoni também comentou o clima tenso entre o governador Marcos Rocha e o vice Sérgio Gonçalves (União Brasil), afirmando que o conflito prejudica os dois. Ressaltou, no entanto, que Rocha tem a caneta na mão e que, provavelmente, enxerga cenários que não estão visíveis ao público. “Ele deve estar vendo coisas lá na frente que a gente, por estar de fora, não consegue ver”, avaliou.
Com uma trajetória consolidada no setor de comunicação em Rondônia, Everton Leoni falou sobre sua experiência à frente da SIC TV e da Rádio Paracis, além do programa dominical “Quando Bate a Saudade”, no ar há mais de quatro décadas. Segundo ele, o segredo do sucesso está na seleção musical e no engajamento do público, que já chegou a registrar 800 ligações em uma única manhã. Disse ainda que nunca enfrentou censura direta de governos e que sempre manteve a linha editorial baseada no contraditório. “Na notícia a gente não opina. Eu é que opino no final da notícia.”
Leoni também comentou os debates políticos promovidos por sua emissora, afirmando que a estratégia de realizá-los uma semana antes das eleições é o que garante maior repercussão. “O nosso debate acontece quando o eleitor ainda tem tempo de refletir. Já tivemos candidatos que venceram no primeiro turno e atribuem o resultado àquele debate”, disse.
No final da entrevista, compartilhou detalhes de sua rotina pessoal, mencionando que dorme pouco, que já cochilou ao vivo durante entrevista no rádio e que evita tirar férias. Mesmo fora da política, disse que continua sendo abordado nas ruas com frequência por ouvintes e eleitores. Em tom descontraído, brincou: “Se eu quiser ser candidato, me elejo deputado dos Estados Unidos aí de casa”.
Ao analisar o cenário eleitoral para 2026, destacou que a eventual candidatura de Ivo Cassol mudaria completamente a disputa. Com Cassol fora, citou Fernando Máximo, Marcos Rogério e o prefeito de Cacoal, Adailton Fúria, como nomes viáveis. “Prestem atenção no Fúria”, sugeriu. No Senado, acredita que Marcos Rocha deve conquistar uma das vagas. Já Fernando Máximo, caso opte pela disputa ao Senado, também seria fortíssimo. Sobre Confúcio Moura (MDB), foi enfático ao elogiar sua influência política e capacidade de articulação. “Graças a Deus que temos o Confúcio no Senado. A presença dele já garante que a bancada federal seja atendida em Brasília.”
Na parte final, reafirmou seu alinhamento à centro-direita e expressou desconforto com o ambiente político nacional. Disse que tem amigos no Judiciário envergonhados com os rumos do STF e que se sente cerceado em alguns espaços. “Hoje a gente não pode nem falar. Na internet ainda dá, mas na TV é concessão pública, qualquer palavra errada e podem tirar a gente do ar”, alertou.