História da TV no Brasil e em Rondônia destaca datas marcantes, desafios da Amazônia e nomes que ajudaram a consolidar o veículo no estado
Porto Velho, RO – A primeira transmissão oficial de televisão no Brasil ocorreu em 18 de setembro de 1950, pela TV Tupi de São Paulo. Desde 2001, a data passou a ser lembrada como o Dia Nacional da Televisão. Em 2024, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que 93,9% dos domicílios brasileiros, cerca de 75,2 milhões de lares, possuíam televisão.
A chegada do novo meio de comunicação transformou hábitos de lazer, a forma de se informar e até processos políticos. Também intensificou a integração regional, em um país de grandes dimensões, complementando o trabalho já iniciado pelo rádio. Esse desafio foi ainda maior na Amazônia entre as décadas de 1950 e 1970, quando a região era uma das mais isoladas do mundo.
Dezoito anos após a estreia da TV Tupi, nasceu em Manaus, em 1968, a Rede Amazônica. De acordo com o escritor Abrahim Baze, no livro “História Rede Amazônica”, a empresa surgiu como agência de publicidade e, em setembro de 1972, inaugurou a primeira emissora de televisão da região. No ano seguinte, em 1973, a Rede Amazônica levou a televisão ao então Território Federal de Rondônia. Segundo Baze, a assinatura do contrato da nova emissora aconteceu em 8 de junho daquele ano, no gabinete do ministro das Comunicações, Hygino Corsetti, durante visita do então diretor-presidente Phelippe Daou a Brasília.
Na ocasião, Daou defendeu a criação da rede com as seguintes palavras: “Porque entendemos que há necessidade da montagem da Rede de Televisão da Amazônia Ocidental não apenas para que os brasileiros dos pontos mais distantes tenham, nesse veículo, o poderoso instrumento de informação e modificação para o trabalho e desenvolvimento do outro Brasil, como e, principalmente, para poder fazer chegar às fronteiras da Venezuela, da República da Guiana, da Bolívia e do Peru, a nossa mensagem de amizade sincera, de trabalho pela grandeza do nosso país, de vontade que os nossos vizinhos cresçam conosco, num clima de paz, de ordem e progresso.”
A TV Rondônia estreou em meio a dificuldades logísticas, mas rapidamente conquistou o público de Porto Velho. Ainda segundo Baze, a novela “Meu Pedacinho de Chão”, exibida pela emissora na década de 1970, marcou a capital a ponto de dar nome a um bairro da cidade. O autor destacou que, de 1974 a 1981, a emissora acompanhou o processo que resultou na transformação de Rondônia em estado.
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Entre os profissionais que contribuíram para consolidar a televisão rondoniense está o jornalista Benedito Telles, gerente de Jornalismo da Rede Amazônica Rondônia. Paranaense, chegou em 2004 para atuar como produtor e participou da interiorização da empresa. Ele afirmou: “As eleições e a importância dos debates e entrevistas, os períodos de seca e cheia do Madeira, os registros da expansão agropecuária, os desafios das comunidades tradicionais e indígenas e a participação das equipes locais em coberturas nacionais. Vejo um futuro promissor em que o ambiente digital ampara uma produção e apuração muito superiores ao que temos agora. Por isso, embora ela vá continuar em transformação, me parece que a plataforma de tv aberta ainda tem muito apelo e oportunidades de criação de conteúdos e de exibição. Novas estratégias e mecanismos que vão mudar nossa forma de interação, de consumo e de conteúdo.”
Outro nome de destaque é o da jornalista Maríndia Moura, que chegou a Porto Velho em 1991 e atuou por quase 30 anos na Rede Amazônica. Ela recordou o início da carreira em condições técnicas limitadas: “Eu iniciei num mundo analógico, utilizando máquina de datilografia, câmera de tv, acoplada por um cabo com o vt, mais iluminação. Depois foi evoluindo para uma câmera só, já com iluminação. Tive a graça de acompanhar toda a evolução até chegar aos dias de hoje, de se consegue fazer um ao vivo somente com um celular e internet. Mas entendo que tudo mudou e que precisamos estar antenados e acompanhando todo processo. Não acredito que o celular prejudique a TV, bem utilizado, ele é um aliado poderoso na comunicação. A tecnologia, por mais que avance, não pode nos tirar o coração de uma matéria. Nos engessar ou nos tornar meio que robôs de uma história.”
A trajetória da televisão em Rondônia também inclui o ex-deputado estadual Everton Leoni, presidente do Sistema Imagem de Comunicação (SIC TV), afiliada da Record. Ele relatou que a primeira experiência em televisão ocorreu nos anos 1980, na TV Nacional, em um programa esportivo local. Em 1990, arrendou a TV Manchete e, no ano seguinte, colocou no ar o canal 11, afiliado à Record. “A partir daí, passei a apresentar programas de notícias, entrevistas e de auditório, com a presença de estudantes das escolas de Porto Velho. (…) O Programa Everton Leoni foi um marco na televisão de Rondônia, até hoje lembrado por todos aqueles que assistiam e também participaram como estudantes no auditório. Nos últimos 20 anos, criei e apresentei o Câmera 11, hoje Câmera Mais, ao lado de Léo Ladeia; Novo Dia, RO Record (hoje substituído pelo Cidade Alerta) e o Sic News, até hoje no ar. São 35 anos na televisão, quase que ininterruptos”, afirmou.
Além das emissoras comerciais, a televisão também se consolidou na Assembleia Legislativa de Rondônia com a TV Assembleia (canal 7.2). Os deputados aprovaram a filiação da Casa de Leis à Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral), criada em 2003. Segundo o diretor da TV Assembleia, Cícero Moura, a participação na entidade fortalece o trabalho de cobertura. “É muito importante fazer parte de uma associação que integra as assembleias e a atualiza as emissoras no que diz respeito a tecnologia e inovações. Além disso, a Astral mantém profissionais conectados com informações legislativas pertinentes a todos seus integrantes e possibilita também a troca de conteúdos entre os parlamentos”, disse.
O diretor ressaltou que o canal cumpre papel de dar visibilidade às ações dos parlamentares e que acompanha as atividades da Assembleia em várias regiões de Rondônia, incluindo transmissões ao vivo de sessões, comissões e eventos estaduais. “O Canal 7.2 é um canal de TV fundamental para levar até a sociedade as ações do parlamento, o trabalho pontual de cada deputado e a programação envolve transmissões ao vivo das sessões ordinárias e especiais, comissões e ações externas. Um exemplo, são as sessões itinerantes e ainda a transmissão de eventos relacionados ao Estado de Rondônia; como Rondônia Rural Show; Festival Duelo da Fronteira de Boi-Bumbás, em Guajará-Mirim; entre outros”, finalizou.