Hospitais relatam falta de acesso, escassez de insumos e suspensão de atendimentos durante os bombardeios
Porto Velho, RO – De acordo com autoridades de saúde locais, ataques aéreos e disparos de militares israelenses resultaram em pelo menos 57 mortes em Gaza neste sábado (27). A maioria das vítimas foi registrada na cidade de Gaza, a maior cidade do território, onde centenas de milhares de pessoas permanecem isoladas e enfrentam fome.
Entre os mortos, estão nove integrantes de uma mesma família atingida em casa e outras 13 pessoas, incluindo mulheres e crianças, após uma segunda ofensiva no campo de refugiados de Nuseirat. Os corpos foram encaminhados ao hospital al-Awda. O hospital Nasser informou ainda que cinco pessoas morreram quando um abrigo de deslocados foi atingido.
O Exército israelense declarou não ter conhecimento de mortes por disparos no sul de Gaza no sábado e não comentou os bombardeios relatados. Em Gaza, o diretor do hospital Shifa afirmou à Associated Press que a equipe médica demonstrava preocupação com “tanques se aproximando das imediações do hospital”, o que limitava o acesso ao local, onde estavam internados 159 pacientes. “O bombardeio não parou por um único momento”, disse o médico Mohamed Abu Selmiya.
Segundo ele, 14 recém-nascidos prematuros estavam em incubadoras no hospital Helou. O responsável pela UTI neonatal da unidade, Nasser Bulbul, acrescentou que o portão principal do prédio foi fechado em razão da presença de drones sobrevoando a área.
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Na sexta-feira (26), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursou na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, afirmando que seu país “deve terminar o trabalho” em Gaza. O discurso foi marcado pela saída de dezenas de delegados e por protestos de manifestantes contrários à guerra do lado de fora.
A pressão internacional sobre Israel cresceu após a conclusão de uma comissão de inquérito da ONU, que apontou a prática de genocídio em Gaza. Além disso, países como Reino Unido, França, Canadá e Austrália anunciaram reconhecimento do Estado palestino.
Após quase duas semanas de ofensiva, o setor de saúde na cidade de Gaza encontra-se em colapso. Dois hospitais foram desativados após danos provocados por ataques, outros operam parcialmente e duas clínicas foram destruídas. Há escassez de medicamentos, equipamentos, alimentos e combustível, enquanto médicos e enfermeiros deixam a região.
Também na sexta-feira, a organização Médicos Sem Fronteiras comunicou a suspensão de suas atividades em Gaza por falta de condições de segurança. “Fomos deixados sem alternativa a não ser interromper nossas ações, já que nossas clínicas estão cercadas por forças israelenses. Esta é a última medida que queríamos tomar, pois as necessidades em Gaza são imensas, com pessoas em maior risco – bebês em unidades neonatais, pacientes com ferimentos graves e doenças potencialmente fatais – impossibilitadas de se deslocar e em sério perigo”, afirmou Jacob Granger, coordenador de emergência da entidade em Gaza.