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PUNIÇÃO
EUA revogam visto de Gustavo Petro após discurso em protesto em Nova York

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Presidente colombiano reage e afirma que decisão fere normas internacionais

Por Informa Rondônia - domingo, 28/09/2025 - 08h58

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Porto Velho, RO – O governo dos Estados Unidos anunciou neste sábado (27) a revogação do visto do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em resposta a declarações feitas durante um protesto em Nova York, na sexta-feira (26). O Departamento de Estado classificou os comentários como “imprudentes e incendiários”, afirmando que Petro instigou soldados americanos a desobedecer ordens e a incitar violência.

Durante o ato, em frente à sede das Nações Unidas, Petro discursou em espanhol para apoiadores pró-Palestina. Ele pediu a formação de um “exército de salvação mundial, cuja primeira tarefa é libertar a Palestina”. Em seguida, declarou: “É por isso que, daqui de Nova York, peço a todos os soldados do Exército dos EUA que não apontem seus rifles para a humanidade. Desobedeçam à ordem de Trump! Obedeçam à ordem da humanidade!”.

Ainda em sua fala, o presidente colombiano acrescentou: “Como aconteceu na Primeira Guerra Mundial, quero que os jovens, filhos e filhas de trabalhadores e agricultores, tanto de Israel quanto dos EUA, apontem seus rifles não para a humanidade, mas para os tiranos e os fascistas”. O vídeo do discurso foi compartilhado nas redes sociais pelo próprio Petro.

O Departamento de Estado confirmou a revogação do visto em publicação no X, dizendo que a decisão foi tomada “devido às suas ações imprudentes e incendiárias”. Segundo a imprensa colombiana, Petro já havia embarcado de volta para Bogotá quando o anúncio foi feito.

Em reação, o presidente escreveu em sua conta na rede social que a medida americana “quebra todas as normas de imunidade nas quais se baseia o funcionamento das Nações Unidas e de sua Assembleia Geral”. Ele afirmou que “o fato de a Autoridade Palestina não ter tido permissão para entrar e meu visto ter sido revogado por pedir aos exércitos dos EUA e de Israel que não apoiassem um genocídio, o que é um crime contra toda a humanidade, demonstra que o governo dos EUA não cumpre mais o direito internacional”.

Em outro registro, Petro declarou: “Cheguei a Bogotá. Não tenho mais visto para viajar para os EUA. Não me importo. Não preciso de visto, apenas de um ESTA, porque não sou apenas um cidadão colombiano, mas também europeu, e realmente me considero uma pessoa livre no mundo”. Ele completou que “a humanidade deve ser livre em qualquer lugar do planeta”.

A decisão ampliou as tensões entre Petro e o governo Trump. Dias antes, o presidente colombiano havia usado seu discurso na Assembleia Geral da ONU para pedir investigação criminal sobre ataques aéreos dos Estados Unidos contra supostos barcos de tráfico de drogas no Caribe. Ele declarou que as ações não tinham como objetivo controlar o narcotráfico, mas “usar a violência para dominar a Colômbia e a América Latina”.

Petro disse ainda que vítimas desses ataques poderiam ser colombianos, acusando autoridades americanas de atuarem em conluio com traficantes, enquanto seu governo buscava convencer agricultores a abandonar o cultivo de coca. Em entrevista à BBC, chamou as operações de “ato de tirania”. Washington defende que os ataques integram uma operação antidrogas conduzida próximo à costa da Venezuela.

O ministro do Interior da Colômbia, Armando Benedetti, também se manifestou. Em publicação no X, afirmou que o visto que deveria ter sido cancelado era o do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e não o de Petro. Segundo ele, “como o império o protege, ele está descontando no único presidente que foi capaz de lhe dizer a verdade na cara”.

A medida dos Estados Unidos ocorre em um momento em que a ONU divulgou relatório independente acusando Israel de genocídio contra palestinos em Gaza, alegação rejeitada por autoridades israelenses. No mesmo cenário, Washington também barrou o ingresso do presidente palestino Mahmoud Abbas e de cerca de 80 autoridades palestinas, impedindo sua participação na Assembleia Geral.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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