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EX-MINISTRO
Amir Lando critica “congresso esfarrapado”, fala em “inversão de poderes” e cogita retorno à vida pública

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Ex-senador e ex-ministro da Previdência foi entrevistado no programa “A Voz do Povo”, da Rádio Caiari e do site Rondonotícias, nesta terça-feira, 7 de outubro, apresentado por Arimar Souza de Sá

Por Informa Rondônia - terça-feira, 07/10/2025 - 18h43

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Porto Velho, RO – Em entrevista ao programa “A Voz do Povo”, veiculado pela Rádio Caiari e pelo site Rondonotícias nesta terça-feira, 7 de outubro, o ex-ministro da Previdênciao, ex-senador e ex-deputado federal e estadual, Amir Lando, afirmou que o Congresso Nacional está “esfarrapado” e denunciou uma “inversão de valores” entre os poderes. Ele disse ver parlamentares com “rabo preso” com o Supremo Tribunal Federal, criticou a dinâmica das emendas — citando “PICS” e “emenda secreta” — e defendeu “freios e contrapesos” ao Judiciário. Lando também declarou que avalia voltar à vida pública, apontando “convicções” e “vontade” para “dar um recado ao país e ao povo de Rondônia”.

Logo no início da conversa com o apresentador Arimar Souza de Sá, Lando atribuiu a intenção de retorno à percepção de fragilidade da representação federal rondoniense. “A gente tem um passado, tem uma história, tem experiência já estratificada”, disse, acrescentando: “Nós temos que combater uma série de questões. O Congresso realmente anda assim esfarrapado. É praticamente um verme se arrastando em busca das emendas. Cadê construir um projeto de país?”.

Ao tratar da relação entre os poderes, Lando afirmou: “O Legislativo hoje quer assumir o papel do Executivo; o Executivo ficou numa situação difícil, porque o Judiciário está assumindo muito o papel do Legislativo. Então, há uma inversão de valores, há uma usurpação”. Para ele, “cada poder tem que saber que não pode ir além dos seus limites”.

Sobre a chamada “PEC da blindagem” e a imunidade parlamentar, Lando resgatou precedentes e disse que, historicamente, a proteção não é “um direito do parlamentar”, mas “um direito da sociedade”, para garantir coragem aos representantes. Ele ponderou que o cenário atual mudou com a presença de “muitos bandidos que estão para se proteger” e declarou: “Não pode ser o Congresso uma muralha de proteção de bandido”. Segundo o ex-ministro, ainda há mecanismos para o Parlamento atuar quando houver inocência a ser defendida, mas “tem que botar a cara”. “Tem que proteger o parlamentar de todas as pressões”, afirmou, ao mesmo tempo em que defendeu “freios” aos excessos e a “legalização do Brasil”: “Sem a lei, não há salvação. Nós temos que legalizar no sentido de dar as atribuições àquilo que a Constituição já divide”.

Lando também criticou partidos políticos, que, segundo ele, se tornaram “uma ferramenta eleitoral” sem “princípios programáticos” ou “ideologia”: “Hoje eu não sei distinguir um partido do outro”. Em relação à bancada de Rondônia, disse ver “uma representação muito fraca”, com poucas exceções. Mencionou casos de distribuição de recursos que, na visão dele, carecem de proporcionalidade, citando que “Cabixi tem mais recursos da bancada do que Porto Velho”.

No plano regional, listou temas que, na avaliação dele, têm sido negligenciados. Entre eles, a falta de voos para Porto Velho e a concessão da BR-364: “Tem que gritar, denunciar, entrar na Justiça com ação popular”. Ao ser perguntado sobre um “líder” capaz de harmonizar os poderes, respondeu que “alguém tem que içar a bandeira branca”, atribuindo papel central ao Executivo e ao Legislativo e defendendo o diálogo: “Na democracia é o diálogo”.

Questionado por ouvintes sobre decisões do Supremo e foro, Lando afirmou: “Quanto ao foro privilegiado, eu concordo contigo. Realmente não caberia o Supremo”, ao comentar situação mencionada por um participante sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele também afirmou não ser “o caminho” a destruição de equipamentos em operações contra garimpo, defendendo “disciplina” e “organização” e dizendo que a “legalidade” do setor deve ser discutida: “Por que deixar essa riqueza perdida quando ela pode servir ao povo brasileiro?”.

Sobre um eventual projeto eleitoral no estado, Lando disse ver espaço para jovens e “cabeça branca” e avaliou que a próxima eleição “vai ser diferente” da “onda” anterior. Indagado diretamente, declarou: “Eu não serei candidato ao governo de maneira nenhuma”. Ao tratar do Senado, afirmou que há “três, quatro candidatos com potencial” e que “vai ser uma briga de gente grande”.

No bloco dedicado a Previdência Social, o ex-ministro disse ter diagnosticado, à época de sua gestão, “mais de 103 pontos de vulnerabilidade” na Dataprev e ter proposto “23 medidas corretivas”, incluindo a criação de um “Banco da Previdência” para reforçar controles. Ele citou casos como “benefícios não levantados”, “dividendos de fantasmas” e “clonagem de benefícios”, e defendeu “castigo drástico” para quem rouba de aposentados: “É deplorável”, afirmou.

Lando também elencou motivações para atuar novamente na vida pública, com foco na juventude rondoniense. Disse que o ensino público “de baixa qualidade” reduz oportunidades e estimula a migração de jovens. Entre os desafios, mencionou “questão fundiária e ambiental”, “regularização” e um “processo de industrialização”, além da necessidade de um “projeto de desenvolvimento” para o estado. “Rondônia tem que oferecer para a nossa juventude opções de sobrevivência”, disse. Em outro momento, defendeu que não se “criminalize” os pioneiros do estado: “Agora viraram bandidos. Tem que botar um freio nisso”.

Ao longo do programa, Lando reiterou que pretende “denunciar” o que considera problemas de representação e funcionamento institucional e repetiu que “o parlamento é pra falar”. Em mensagens enviadas ao WhatsApp da atração, ouvintes elogiaram a entrevista; em resposta, o convidado disse: “Procuro ser verdadeiro” e “O que tá no meu coração é o que eu falo, eu não invento nada”.

No encerramento, ao ser lembrado de sua trajetória — que incluiu relatoria no processo de impeachment de Fernando Collor —, Lando disse ter buscado “humanizar a Previdência Social”. Sobre comunicação política contemporânea, afirmou conhecer “há mais de 50 anos” as “aspirações” do eleitorado do interior e declarou: “A verdade, só a verdade”, como mensagem ao público.

A edição desta terça-feira foi aberta com as manchetes do Rondonotícias — entre elas, cota parlamentar, debate sobre remédios à base de cannabis em Porto Velho, arrecadação projetada pela prefeitura, roubos de veículos na capital e apreensão de drogas em carga que saiu de Rondônia. Lando reiterou que “não serei candidato ao governo” e disse que, caso retorne, pretende “entrar descalço, mas jogar bem”, em referência feita ao ser questionado sobre “calçar a chuteira” para a política. Durante a entrevista, ele também defendeu que “a esperança […] olha para o futuro” e que a pacificação depende de “diálogo” e “legalidade”.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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