Inscrições vão até 27 de outubro e contemplam curtas, médias e longas-metragens que abordem identidade, resistência e representatividade negra na Amazônia
Porto Velho, RO – A Mostra Amazônia Negra de Cinema está com inscrições abertas para selecionar obras audiovisuais que integrarão sua programação itinerante em Rondônia, entre maio e novembro de 2025. A iniciativa é resultado do projeto artístico-pedagógico “(Re)conhecendo a Amazônia Negra: povos, costumes e influências negras na floresta”, idealizado pela artista visual e ativista cultural Marcela Bonfim.

Nesta etapa, o projeto amplia o alcance do trabalho anterior ao incluir o audiovisual como ferramenta antirracista, voltada especialmente à juventude e às comunidades amazônicas. Podem se inscrever realizadores de todo o país com curtas, médias e longas-metragens de ficção, documentário, animação ou experimental que abordem a temática racial, com foco em narrativas negras e suas expressões de identidade, ancestralidade e resistência.
As inscrições são gratuitas e permanecem abertas até 27 de outubro de 2025, por meio do formulário disponível no link: https://acesse.one/bxxp6. O circuito exibirá as produções selecionadas em cinco unidades do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) — Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná e Cacoal — e no Lar Espírita da Terceira Idade André Luiz, na capital. As sessões contarão com convidadas especiais, bate-papos e oficinas formativas.
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Marcela Bonfim destaca que a proposta busca promover novas formas de enxergar a floresta e o povo preto. “A Mostra Amazônia Negra de Cinema nasce para deslocar o olhar, para que a floresta e o povo preto sejam vistos e ouvidos em sua complexidade e grandeza”, afirma.
A primeira edição homenageia a atriz Agrael de Jesus (foto de capa), vencedora do Kikito de Melhor Atriz de Curta-Metragem no 51º Festival de Cinema de Gramado (RS). Natural de Jequié (BA) e residente em Rondônia há mais de 40 anos, Agrael é atriz, produtora cultural e militante das causas da população negra em Porto Velho. Sua trajetória inclui atuações em espetáculos como “Os Sete Gatinhos”, “Ferrovia do Diabo”, “Mística de Benguela” e “As Mulheres do Aluá”, além de participações nos filmes “Rodantes” e “Ela mora logo ali”.
Com mais de 80 apresentações desde 2015, a artista consolidou-se como uma das principais referências da cena cultural rondoniense. Seu trabalho reflete o protagonismo das mulheres negras amazônicas nas artes e no audiovisual.

A curadoria da Mostra é composta por Keila-Sankofa, Amanara Brandão Lube e Beta Avelar. Keila-Sankofa, de Manaus (AM), é artista visual e realizadora audiovisual, indicada ao Prêmio PIPA (2021–2024) e participante de residências e mostras internacionais, como o International Film Festival Rotterdam. Amanara Brandão Lube, de Porto Velho, é atriz, escritora e produtora cultural, mestre em Artes Cênicas pela UFAC e graduada em Teatro pela UNIR. Beta Avelar, afroameríndia e amazônida, é produtora cultural, mestre em Antropologia pela UFPB e doutoranda no Museu Nacional da UFRJ, com pesquisas voltadas à identidade beradera em Porto Velho. As informações são de Cammy Lima.