Exibição no Cinelaser, em Porto Velho (RO), reuniu elenco infantil, familiares, colegas e equipe técnica; o filme também foi levado a escolas públicas da capital
Porto Velho, RO –
O curta-metragem “Kika Não Foi Convidada” foi exibido em uma sessão especial no Cinelaser, em Porto Velho (RO), para apresentar o trabalho do elenco infantil às próprias crianças que atuaram na produção. A sessão teve a presença de familiares, colegas de escola e parte da equipe técnica do projeto, que também realizou apresentações em escolas públicas da capital.
Em vários casos, a sessão marcou o primeiro contato dos pequenos com uma sala de cinema. O ator Arthur Penteado, intérprete de Enzo, descreveu a experiência como novidade. “Foi uma experiência muito louca, porque eu nunca tinha visto um filme [no cinema]. Então foi muito estranho, mas também muito bom”, relatou. Ele acrescentou que, ao se ver na tela, percebeu sensações diferentes: “Tem vezes que parecia eu, mas depois parecia o Enzo”.
João Pedro Ferreira, que interpreta Jordson, melhor amigo da personagem Kika, afirmou ter vivido uma situação emocionante. “Foi a minha primeira vez me vendo numa tela de cinema. Minha mãe e meu pai quase choraram. Eles amaram”, contou. Ele citou as cenas que mais chamaram sua atenção. “A parte do meu aniversário e a parte que eu carrego a Sofia e o Felipe na bicicleta foram as mais legais”, disse. Na sequência, o ator comentou sobre a mensagem do filme. “Espero que as pessoas se emocionem e aprendam que não pode ter preconceito com pessoas pobres e negras, porque isso machuca e entristece.”
A inclusão do curta na programação do projeto “Cine Escola Janelas Para o Mundo” resultou no convite para a exibição no Cinelaser. A iniciativa é realizada pela Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho. Além do cinema, o filme chegou a diferentes espaços da rede pública, com sessões na Escola Estadual Tancredo Neves, na Escola Municipal Raimundo Augustinho e na Associação Cultural e Esportiva Jamaica, todas localizadas na zona Sul de Porto Velho.
A diretora da Escola Municipal Raimundo Augustinho, Diany Schneider, comentou sobre a exibição. “Para nós foi uma alegria muito grande receber o filme aqui na escola, até porque nossa comunidade não tem essa oportunidade sempre de participar de eventos dessa natureza. Nós recebemos com muita alegria. Foi um momento ímpar”, afirmou.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
A arte-educadora Kenny Frazão, da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), destacou o vínculo entre práticas educacionais e atividades culturais como o cinema. Segundo ela, “Arte e educação andam juntas, porque são forças motrizes capazes de transformar o sujeito no pensar, no agir e no falar”. Kenny avaliou a presença do curta nas escolas. “Isso amplia o repertório cultural e contribui para a formação humana. Projetos como esse são riquíssimos e precisam acontecer mais vezes nas escolas. Ganha todo mundo”, declarou.
O curta foi escrito e dirigido por Juraci Júnior. O diretor relatou que a ideia surgiu de uma lembrança da infância, relacionada a uma colega que não foi convidada para uma festa de aniversário. “Aquele registro ficou comigo por toda a vida. Agora, adulto e artista, quis transformar essa memória em uma história sobre acolhimento e empatia”, informou.
Juraci descreveu o impacto provocado ao observar a reação do jovem elenco ao assistir ao resultado final. “Ver o rostinho do Jordson, da Kika, do Enzo, eles sorrindo, chorando, se vendo naquela tela enorme, que às vezes é uma realidade distante da deles, foi a maior realização. Esse filme é por eles e para eles”, afirmou.
O diretor explicou que o processo de seleção das crianças não utilizou testes tradicionais. As oficinas de teatro e recreação buscaram espontaneidade e autenticidade nas interpretações. Durante toda a produção foi oferecido acompanhamento psicológico de Anne Cleyanne, profissional com atuação voltada para infância e juventude. A preparação do elenco aconteceu em parceria com o ator Francisco Gaspar. Juraci resumiu a proposta afirmando: “Queríamos crianças livres, que quisessem brincar de contar histórias. Investigamos como elas entendem sentimentos como tristeza, alegria e preconceito, e o resultado está na tela, vivo, verdadeiro”.
A circulação do filme em festivais de cinema está prevista para o próximo ano. O curta recebeu apoio por meio do Edital nº 01/2024 – SEJUCEL – Audiovisual – Bolsas para Artes em Vídeo, vinculado à Lei Paulo Gustavo.
O perfil oficial do filme nas redes sociais pode ser acompanhado em @kikanaofoiconvidada no Instagram.




