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EDITORIAL
Pesquisa ao Senado revela Bruno “Bolsonaro” Scheid como elemento surpresa em cenário liderado por Rocha e Sílvia

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Levantamento da Real Time Big Data mostra disputa aberta pelas duas vagas ao Senado em Rondônia e aponta crescimento de um nome ainda em consolidação

Por Informa Rondônia - sábado, 13/12/2025 - 10h59

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A mais recente pesquisa do instituto Real Time Big Data, divulgada nesta quinta-feira (12), trouxe um dado que merece atenção cuidadosa no tabuleiro político de Rondônia: o desempenho do pré-candidato Bruno Scheid, pecuarista de Ji-Paraná, vice-presidente estadual do PL, que aparece de forma consistente entre dois dígitos em diferentes cenários eleitorais. Para alguém ainda em processo de consolidação pública, trata-se de um resultado que não pode ser ignorado.

Em três simulações distintas, Scheid oscila na faixa de 12% a 16%, competindo diretamente com nomes mais conhecidos do eleitorado e já testados nas urnas. O dado chama atenção não apenas pelo número em si, mas pelo contexto em que ele surge: um ambiente político marcado por lideranças tradicionais, forte polarização ideológica e um eleitorado que busca sinais claros de posicionamento.

É justamente nesse ponto que se explica boa parte da performance do pré-candidato. Bruno Scheid aparece competitivo não por se apresentar como um ícone político consolidado, mas por conseguir dialogar com um campo ideológico bem definido, que segue relevante em Rondônia. Sua associação pública com o bolsonarismo, inclusive no nome de urna, funciona como um marcador simbólico claro, facilmente identificável por um segmento expressivo do eleitorado conservador.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pela Justiça, permanece como referência política e emocional para muitos eleitores no estado. Sobre os fatos que o levaram a essa condição, cada cidadão faz — e continuará fazendo — seu próprio juízo de valor. O que a pesquisa demonstra é que, independentemente das avaliações individuais, o capital simbólico ligado ao bolsonarismo ainda exerce influência real nas disputas eleitorais regionais.

Nesse cenário, Scheid surge como alguém que compreendeu o momento político e ocupou um espaço disponível. Sua competitividade não decorre de uma longa trajetória institucional nem de protagonismo legislativo prévio, mas da capacidade de se posicionar de forma clara dentro de um espectro ideológico que mantém base sólida e fiel. Em um ambiente de excesso de nomes e discursos difusos, clareza também é ativo.

A pesquisa Real Time Big Data ajuda a explicar por que Bruno Scheid aparece competitivo: no primeiro cenário ao Senado, Marcos Rocha lidera com 24% e Sílvia Cristina vem com 21%, mas o dado que muda o clima é o “Bolsonaro” Scheid já cravado em 16%, encostando de forma nada discreta — cinco pontos atrás da deputada e a distância de um tropeço do governador —, enquanto Confúcio Moura surge com 14%, Rodrigo Camargo com 9%, Acir Gurgacz com 4%, além de 5% de brancos ou nulos e 9% de indecisos.

Como nessa simulação o eleitor pode escolher até dois nomes, esse desenho não é apenas um ranking, mas um termômetro de viabilidade, indicando que Scheid já entra como segundo voto de muitos eleitores e, em alguns casos, ocupa até a primeira opção, a ponto de Marcos Rocha e Sílvia Cristina — que ainda puxam a fila — já começarem a sentir, politicamente falando, o “bafo” dele perto da nuca.

O quadro ganha ainda mais tempero quando o levantamento muda as peças e continua sem dono. No segundo cenário, Marcos Rogério aparece com 22%, Marcos Rocha com 21% e Sílvia Cristina com 19%, todos dentro de margens estreitas.

No terceiro, Fernando Máximo lidera com 21%, Rocha surge com 20% e Rogério com 18%, repetindo a lógica de disputa aberta, diferenças mínimas e ausência de qualquer nome que consiga disparar ou “matar” a eleição neste momento. É justamente nesse ambiente fragmentado, de espaço apertado pelas duas vagas, que um nome em ascensão consegue crescer rápido, incomodar cedo e obrigar os favoritos a olhar o retrovisor com mais frequência.

Os números reforçam isso. Em um dos cenários, Scheid aparece tecnicamente empatado com Confúcio Moura e à frente de figuras conhecidas da política estadual. Em outro, mantém desempenho relevante mesmo diante de nomes como Marcos Rogério e Marcos Rocha. Em um terceiro, sustenta a mesma faixa de intenção de votos com a entrada de Fernando Máximo. A constância sugere que há ali um eleitor identificado, mais do que um voto circunstancial.

O eleitor, nesse caso, parece responder menos à figura individual do candidato e mais ao que ele representa politicamente. Bruno Scheid encarna um alinhamento, uma continuidade ideológica, uma sinalização clara de pertencimento. Para muitos, isso basta como critério inicial de escolha. Para outros, será apenas o ponto de partida para avaliações mais profundas ao longo da campanha.

A pesquisa, portanto, diz menos sobre Scheid como personalidade política acabada e mais sobre o ambiente em que ele se movimenta. Ele surge competitivo porque soube ocupar um espaço real, existente e ainda disputado. Não se trata de culto, nem de negação da política tradicional, mas de leitura pragmática de um eleitorado que valoriza identidade e alinhamento.

Se isso será suficiente para sustentar uma candidatura até o fim, é algo que o tempo dirá. Por ora, o dado concreto é este: Bruno Scheid aparece bem porque representa algo maior do que ele mesmo. E, como ensina o velho ditado da política e da vida pública, é melhor ser claramente quente ou assumidamente frio — o que raramente encontra espaço nas urnas é quem insiste em permanecer morno.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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