EDITORIAL
Confúcio rejeita direita e esquerda, tenta firmar posição de centro, mas o papo não vai “colar” para 2026

Ao afastar o público conservador, senador pode depender quase exclusivamente do eleitorado progressista para manter-se relevante

Por Informa Rondônia - sábado, 21/12/2024 - 10h35

Porto Velho, RO – No dia 12 de dezembro de 2024, durante reunião do diretório municipal do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em Porto Velho, o senador Confúcio Moura reafirmou o posicionamento de seu partido como uma força de centro. Contudo, o discurso, que parecia focado em um reposicionamento estratégico, acabou evidenciando um dilema político que pode impactar diretamente seu futuro eleitoral.

“Eu nunca fui de esquerda, mas como o MDB é parte do governo Lula, fui tachado de esquerdista. Somos o centro democrático, contra os extremos, e precisamos reafirmar isso o tempo todo”, declarou Confúcio ao final do encontro. A fala visava demonstrar moderação, mas entra em conflito com declarações anteriores, como a publicada em seu blog pessoal em dezembro de 2023, onde afirmou: “Eu sou de centro-esquerda. Caso este modelo esteja ultrapassado, que me deixe ser assim mesmo. Não quero mudar. Não vou mudar.”

Ao rejeitar categoricamente a extrema-direita e assumir uma postura que se aproxima da centro-esquerda, Confúcio criou um problema para si mesmo: alienou o eleitorado conservador e liberal de Rondônia, que compõe uma fatia significativa do espectro político local. Em seu blog, ele ainda reforçou a distância desse público ao dizer: “Não queira me ajustar aos freios da direita. Não sou de direita. Deixo bem claro. Os meus votos no Senado ou minhas posições, como cidadão, são claramente contra a ditadura e este mundo de radicalismos que se vê e ouve por aí.”

O impacto dessas posições pode ser crítico para o senador caso ele decida buscar a reeleição em 2026. Historicamente, Rondônia é um estado com forte inclinação conservadora e valores que dialogam mais com agendas liberais no campo econômico e sociais mais tradicionais. Ao desconsiderar esse grupo, Confúcio parece depender cada vez mais exclusivamente do eleitorado progressista, que é minoritário no estado.

Essa dinâmica se agrava com a polarização crescente no cenário político. A rejeição aos extremos, ainda que vista como uma postura moderada, pode acabar empurrando o senador para uma posição de fragilidade, especialmente diante de adversários que souberem explorar o descontentamento de setores mais conservadores. Sem o apoio do público de direita e com um eleitorado progressista que, embora relevante, ainda carece de coesão em Rondônia, Confúcio Moura pode encontrar dificuldades para sustentar sua base eleitoral.

O senador também enfrenta o desafio de traduzir suas posições políticas em resultados práticos que sejam percebidos como vantajosos por um eleitorado amplo. Embora tenha buscado pautas pragmáticas, como educação e infraestrutura, seu alinhamento com o governo Lula e a rejeição à direita radical podem ser usados por opositores como argumento para enfraquecê-lo junto a eleitores que enxergam o progressismo como ameaça a seus valores.

Em última análise, a estratégia de Confúcio Moura em afirmar-se como representante de um centro democrático que rejeita extremismos parece carregada de riscos. Sem reconquistar parte do eleitorado conservador e liberal, o senador pode acabar preso a um nicho progressista insuficiente para garantir sua sobrevivência política.

O MDB em Rondônia, por sua vez, também se encontra em um momento de definição. Caso o partido decida abraçar a postura de seu principal nome no estado, terá de lidar com o desafio de reconstruir pontes com setores que se sentem representados por agendas mais à direita. O caminho para 2026 está apenas começando, mas as escolhas de Confúcio Moura neste momento podem ser decisivas para determinar não apenas seu futuro, mas também o do MDB no cenário político rondoniense.

*A montagem trazida neste editorial é de autoria do site Rondônia Dinâmica

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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