Único aliado de Lula na bancada federal, senador fortalece base do MDB e viabiliza recursos estruturantes para o estado
Porto Velho, RO – O senador Confúcio Moura (MDB), ex-governador de Rondônia por dois mandatos, tem ampliado sua presença política no estado e fala como quem pretende disputar novamente o governo em 2026. Único membro da bancada federal rondoniense alinhado ao governo Lula (PT), Moura tem reforçado sua interlocução com o Planalto e articulado recursos para obras estruturantes no estado, ao mesmo tempo em que trabalha para reestruturar o MDB nos municípios.
Em janeiro, o parlamentar percorreu mais de 20 cidades rondonienses com o objetivo de reorganizar a legenda, fortalecendo sua base para os próximos pleitos. “O meu objetivo é a organização do nosso partido, o MDB. Ele existe no estado de Rondônia e é forte. Mas em alguns municípios, nós não temos nem comissão provisória, e é por isso que fomos atrás dos filiados, dos amigos, atrás dos novos, no sentido de montar as comissões provisórias e os diretórios”, declarou.
A movimentação política do senador ocorre em um cenário de desafios. Embora tenha se declarado de centro — e, em outros momentos, de centro-esquerda — sua proximidade com o governo petista o coloca diante de um eleitorado majoritariamente de direita no estado, com influência da extrema-direita. Caso decida disputar novamente o governo estadual, terá de enfrentar uma base política consolidada em oposição ao governo federal.
Construção política e desafios eleitorais
Governador eleito em 2010 e reeleito em 2014, Moura governou Rondônia durante um período de transição política nacional. Um ano após as Jornadas de Junho de 2013, que acentuaram a polarização no país, ele conseguiu se manter distante da radicalização ideológica e contou com parte do eleitorado liberal para garantir sua permanência no Palácio Rio Madeira.
Agora, no entanto, o cenário se mostra diferente. Sua aliança com Lula e o reforço no alinhamento com o governo federal podem afastá-lo de uma parcela do eleitorado que, desde 2018, demonstrou predileção por políticos de perfil mais conservador e bolsonarista.
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Apesar das dificuldades, Moura acredita que a moderação e o pragmatismo podem ser um diferencial na condução do MDB no estado. Ele defende um partido plural, capaz de dialogar tanto com a direita quanto com a esquerda. “O MDB é um partido de centro. É um partido bom. É um partido que dá para a pessoa se acomodar, ser um pouco à esquerda, centro-esquerda, ou pode ser de direita. Sim, o MDB cabe também à direita”, afirmou.
Ainda assim, o senador reconhece a necessidade de renovação política e defende a construção de novas lideranças. “Queremos buscar essa juventude de mulheres, buscar lideranças jovens, essa rapaziada aí, de moças de vinte e poucos anos, trinta anos, quarenta anos. Chegou a hora de contribuir com o estado através das suas experiências”, pontuou.
Crescimento econômico e estagnação demográfica
Além da articulação política, Moura tem demonstrado preocupação com a economia de Rondônia. Segundo ele, o estado enfrenta um período de estabilidade sem sinais de crescimento expressivo. “Nosso estado é maravilhoso, com uma abundância incrível. Mas Rondônia está numa situação de estabilidade econômica que não mostra vigor. Que não apresenta arrancada”, analisou.
O senador chamou a atenção para a estagnação demográfica do estado, destacando que, nos últimos anos, a população rondoniense encolheu. “Éramos quase um milhão e oitocentos mil habitantes. Hoje somos um milhão e meio. De todas as cidades rondonienses, apenas Vilhena cresceu. As demais diminuíram. Isso demonstra alguma coisa estranha na cabeça dos jovens, das pessoas de Rondônia. Ou estão envelhecendo e mudando, ou os jovens estão migrando para outros estados”, avaliou.
O congressista reforçou a importância de um MDB fortalecido para atuar como um centro de equilíbrio na política estadual. “Quero o pessoal energizado no MDB para sermos um centro de equilíbrio da política de Rondônia. Sem radicalismo, sem extremismo. Que a gente pense em progresso realmente”, destacou.
Seus movimentos indicam uma tentativa de pavimentar o caminho para uma eventual candidatura ao governo do estado em 2026. Contudo, ao adotar uma posição mais próxima ao governo Lula, Moura terá de enfrentar um desafio eleitoral distinto dos anteriores: convencer um eleitorado que, nos últimos pleitos, se mostrou avesso a candidatos ligados ao PT e ao governo federal.
O MDB, sob sua liderança em Rondônia, buscará consolidar bases e formar novos quadros para disputar as eleições municipais de 2024 e estaduais de 2026. Resta saber se a estratégia de construção gradual será suficiente para garantir ao senador um retorno ao comando do Palácio Rio Madeira.
AUTOR: INFORMA RONDÔNIA