FALANDO SÉRIO
Ivo não conseguiu eleger Ivone; Expedito e Val acumulam derrotas; e Rocha quer Luana no Poder

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Amor e política: essa parceria pode dar certo no palanque?

Por Herbert Lins - terça-feira, 29/04/2025 - 17h57

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CARO LEITOR, a política brasileira tomou novos contornos quando políticos decidiram lançar a esposa nas disputas eleitorais. O número de casais na política cresceu com o surgimento da Lei da Ficha Limpa, que proíbe políticos condenados em decisões colegiadas de segunda instância de entrar na disputa por cargos eletivos. Em escala estadual e local, existem vários exemplos de parceria de amor e política nos palanques eleitorais, aproveitando a união matrimonial para conquistar mandatos eletivos em escala mundial, nacional, estadual e local. O maior exemplo em escala nacional é do casal Anthony e Rosinha Garotinho, ambos governaram o estado do Rio de Janeiro. Outro exemplo é o casal Ângela e Espiridião Amim, ambos passaram pela cadeira de prefeito de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, e estiveram juntos no Congresso Nacional por décadas. Eleições recentes evidenciaram a alta procura dos cônjuges por preenchimento de chapas majoritárias e candidaturas a cargos proporcionais, e, nestas, os casais no intuito de perpetuar-se ocupando os espaços de poder.

Clinton

Hillary Clinton, esposa do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, ambos do partido Democrata, transpassou o ambiente do lar para o palanque. Hillary exerceu os cargos de secretária dos EUA (2009 – 2013) no governo do ex-presidente Barack Obama (Democrata) e foi eleita senadora por Nova Iorque (2001 – 2009).

Derrotada

Hillary Clinton (Democrata) disputou a presidência dos EUA na eleição de 2016. Foi a primeira mulher estadunidense a receber mais votos populares em uma disputa presidencial, porém, foi derrotada no Colégio Eleitoral.

Perón

Eva Duarte e Juan Domingo Perón formaram um dos casais políticos mais famosos da Argentina. Depois do cárcere político, Perón venceu as eleições presidenciais em fevereiro de 1946, assumindo a presidência da Argentina em junho do mesmo ano. Popularmente conhecida por Evita, influenciava as massas, mas nunca disputou um cargo eletivo.

Mandela

Winnie Mandela foi a segunda esposa do ativista político e ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. Winnie chegou a ser membro do Congresso Nacional Africano (ANC), onde chefiou a Liga das Mulheres. Ela era conhecida por seus apoiadores como a “Mãe da Nação”.

Prestígio

Winnie Mandela ficou mundialmente conhecida como esposa de Nelson Mandela durante o período da prisão do líder sul-africano. Winnie teve seu nome envolvido em vários escândalos de roubo, fraude, crimes e de infidelidade. Esses escândalos causaram a separação do casal e uma consequente perda de prestígio.

Rocha

Nas eleições de 2018, o governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil) disputou o Governo de Rondônia e venceu o pleito eleitoral. Já a sua esposa, Luana Rocha, disputou o cargo de deputada federal no pleito em voga, porém, não foi eleita. No pleito eleitoral de 2026, Rocha tentará uma vaga ao Senado e Luana disputará novamente uma cadeira na Câmara de Deputados.

Chaves

O caso mais recente envolvendo casais nas disputas eleitorais é o do ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB) de Porto Velho com a sua esposa Ieda Chaves (União Brasil), ela foi eleita deputada estadual com uma vitória expressiva nas eleições de 2022. Em 2026, Hildon pretende disputar o governo de Rondônia e a deputada Ieda deverá ser candidata à reeleição.

Fúria

O ex-deputado estadual Adailton Fúria (PSD) se elegeu prefeito de Cacoal nas eleições de 2020. No pleito eleitoral de 2022, lançou a esposa Joliane Fúria (PSD), candidata a deputada federal, que, mesmo obtendo 24.630 (2,81%) votos, não conseguiu conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Redano

O deputado estadual Alex Redano (Republicanos) influenciou a esposa, Carla Redano, a disputar cargos eletivos. Em 2016, ela foi eleita vereadora pelo Republicanos, obtendo 1.753 votos no município de Ariquemes. Em 2020, ela disputou a prefeitura do referido município e venceu. Já em 2024, foi reeleita. Neste caso, ela é boa de urna.

Raupp I

O ex-governador e ex-senador Valdir Raupp é casado com a ex-deputada federal Marinha Raupp, ambos do MDB. Desde a década de 1990, o casal Raupp compartilha o sentimento de parceria a cada eleição. Disputaram cargos eletivos até a eleição de 2018, depois que foram derrotados nas urnas, não retornaram a disputar cargos eletivos.

Raupp II

Valdir Raupp ensaia retornar a disputar cargos eletivos nas eleições de 2026 como candidato a senador. Já a ex-deputada federal Marinha Raupp nega o desejo de retornar a disputar cargos eletivos. Contudo, ambos fazem muita falta ao estado de Rondônia como representantes no Congresso Nacional devido à enorme capacidade de entrega.

Cassol

O ex-governador Ivo Cassol (PP), impedido de disputar cargos eletivos, lançou a esposa Ivone Cassol ao Senado nas eleições de 2014, mas ela não logrou êxito nas urnas. Por sua vez, o casal Ivo e Ivone segue a vida sem ocupar cargos eletivos.

Ferreira

O ex-senador Expedito Júnior (PSD), famoso pela sua folha de serviços prestados a Rondônia, é casado com a ex-secretária de Estado de Assistência Social Val Ferreira. Juntos, além de serem considerados um dos casais da política mais bonitos e famosos do estado, Val não conseguiu se eleger deputada federal nas eleições de 2010 e ele perdeu seguidamente quatro eleições majoritárias.

Capixaba

Impedido de disputar a reeleição por conta da Lei da Ficha Limpa, o ex-deputado federal Nilton Capixaba (PTB), no pleito eleitoral de 2018, renunciou à candidatura e lançou a sua esposa, Hosana Capixaba (PTB), faltando pouco mais de vinte dias para a eleição. Hosana ainda obteve 21.895 (2,80%) dos votos, o casal se retirou da política.

Donadon I

O ex-prefeito de Vilhena Melki Donadon (PRD), impedido de disputar cargos eletivos devido à Lei da Ficha Limpa, lançou a esposa, Rosani Donadon, candidata a prefeita de Vilhena nas eleições de 2016. Ela venceu, mas teve o mandato cassado em 2018.

Donadon II

Falando de Donadon, o ex-deputado estadual Marco Antônio Donadon, impedido de disputar cargos eletivos devido à Lei da Ficha Limpa, lançou a esposa, Rosangela Donadon, candidata a deputada estadual nas eleições de 2014. Ela foi eleita, desde então permanece sendo reeleita.

Bento I

O ex-vereador e ex-prefeito Antônio Bento (MDB) de Guajará-Mirim, impedido de disputar a eleição por conta da Lei da Ficha Limpa, lançou a esposa, Raissa Bento (MDB), candidata a prefeita da Pérola do Mamoré no pleito eleitoral de 2020. Ela venceu e fez um mandato bem avaliado.

Bento II

A gestão de Raissa Bento (MDB) frente à Prefeitura de Guajará-Mirim contou com interferências do marido Antônio Bento (MDB) na gestão. Por conta de diversas denúncias de corrupção, Raissa foi afastada do cargo. Antes de sofrer qualquer condenação, Raissa disputou a Prefeitura da Pérola do Mamoré nas eleições de 2024, mas ficou em segundo lugar com 6.614 (31,16%) votos.

Fenômeno

A coluna de hoje (29) é diferenciada, não seguiu o padrão de análises em escala mundo, nacional, estadual e local, preferi evidenciar o papel das esposas ao lado do marido no universo político dominado por homens. Observamos que as esposas na política são um fenômeno comum nas diversas escalas geográficas e fruto de um projeto familiar de clãs políticos.

Tradição

A tradição familiar da política brasileira remonta à colonização. Em todos os estados brasileiros, os partidos se preparam para as eleições de 2026 nesse ano pré-eleitoral. Nesse processo, sobrenomes já conhecidos pela população brasileira e rondoniense surgem como possíveis candidatos na disputa para cargos no Poder Executivo e Legislativo.

Oligárquicos

O que pode ser entendido como um caminho natural é, segundo a Ciência Política, a formação de clãs familiares na política, que é uma expressão dos traços oligárquicos que sempre estiveram presentes na política em escala mundial, nacional, estadual e local.

Matriz

Os familiares e parentes na política têm origem na família patriarcal colonial, matriz da formação do Estado brasileiro. O renomado sociólogo brasileiro Gilberto Freyre aborda em sua obra Casa Grande e Senzala: “A família patriarcal é a dominação primeira do Brasil e se pode perceber a sobrevivência desse grande patrimonialismo até hoje na política brasileira”.

Sério

Falando sério, os clãs familiares na política, com o controle dos partidos, dos recursos eleitorais e das relações necessárias para o desenvolvimento de campanhas, impedem a entrada de outros grupos no jogo político. Neste caso, reduzem as chances da renovação da política e a oxigenação dos partidos, ou seja, não conseguem incorporar jovens políticos e a formação de novos quadros partidários.

AUTOR: HERBERT LINS





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