Pesquisador diz que rejeição a Lula no estado é “irreversível” e prevê cenário aberto para governo e Senado; capital tem menos peso, e interior define eleição com larga vantagem conservadora
Porto Velho, RO – A entrevista do especialista em pesquisas eleitorais Gesson Magalhães ao podcast Resenha Política, conduzido pelo jornalista Robson Oliveira, revelou um panorama detalhado das tendências eleitorais em Rondônia para 2026. O foco principal recaiu sobre o fortalecimento da direita no estado, com destaque para o nome do pecuarista Bruno Scheid, de Ji-Paraná, identificado como potencial nome competitivo com base no apoio bolsonarista.
Gesson, que lidera a Perfil Pesquisas, relatou que “há uma pretensão maior de votação para candidatos de direita” em Rondônia, e que “no interior, já se observa uma proporção de quase seis votos para um” quando se compara o apoio a Jair Bolsonaro e a Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo em Porto Velho, considerada a região “menos à direita” do estado, a proporção é de “três para um”.
O pesquisador comentou especificamente sobre Bruno Scheid, atualmente assessor especial do ex-presidente Bolsonaro. Scheid apareceu com dois dígitos percentuais de intenção de voto em uma pesquisa divulgada no início do ano. Embora desconhecido na capital, sua identificação como “Bruno Bolsonaro Scheid” na pesquisa aumenta sua visibilidade. “Isso, queira ou não queira, dá uma visibilidade para ele”, avaliou Gesson, acrescentando que a candidatura é “viável” e pode surpreender.
Para Gesson, o cenário atual aponta para uma eleição estadual “extremamente aberta”, tanto para o governo quanto para o Senado. Ele destacou que Rondônia permanece majoritariamente conservadora e que a rejeição ao presidente Lula ultrapassa 80% em algumas pesquisas. “O governo Lula passa por um momento muito ruim a nível nacional, mas em Rondônia é um desastre”, afirmou.
Ainda segundo o pesquisador, a eventual ausência de Bolsonaro na urna em 2026 — dada sua inelegibilidade — pode ter efeito colateral favorável aos candidatos que carregarem sua imagem. “Talvez o fato de ele não estar na urna torne o sentimento de revanchismo ainda maior”, avaliou, citando que o eleitor bolsonarista pode transferir apoio com mais intensidade.
Apesar da dominância conservadora, Gesson não descartou a existência da polarização. “Ela existe e é pujante, mas o comportamento do eleitorado mostra que há um cansaço em relação a isso”, ponderou. Segundo ele, cerca de um terço dos eleitores não se identificam diretamente com direita ou esquerda.
Sobre possíveis candidaturas ao governo, Gesson traçou cenários. Para ele, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, teria mais viabilidade concorrendo ao Executivo estadual do que ao Senado, diante da expectativa pública. Fernando Máximo, por sua vez, seria competitivo em qualquer das disputas, pela capilaridade de votos em capital e interior. Já o senador Marcos Rogério tem recall suficiente para tentar novamente o governo. “Não se pode esquecer que ele teve 48% dos votos no último pleito”, observou.
Gesson também analisou a avaliação da classe política em Rondônia. Disse que, apesar de críticas pontuais, a maioria dos prefeitos e representantes mantém índices razoáveis de aprovação. “Um prefeito mal avaliado tem 52% de aprovação. Isso, em outros estados, seria considerado uma excelente avaliação”, exemplificou. A capital lidera esse ranking, com o prefeito Léo Moraes chegando a 82% de aprovação.
Sobre a bancada federal, Gesson indicou que mudanças são esperadas, mas não necessariamente por insatisfação popular. A rotatividade viria, segundo ele, do desejo de alguns parlamentares em disputar cargos maiores, como governo ou Senado.
Ao fim, o pesquisador alertou que os dados de 2024 representam apenas uma fotografia do momento, e que os cenários devem se consolidar em 2025. “Pesquisa não prevê futuro. Se previsse, eu seria vidente. Ela ajuda na tomada de decisões”, concluiu.
