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RESENHA POLÍTICA
Cenas editadas em visita Lula; Marcos Rogério não pode contar com Bolsonaro; e Sérgio nega que traiu

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Polarização política, ausências estratégicas e cálculos eleitorais marcam a visita de Lula a Rondônia

Por Robson Oliveira - quarta-feira, 13/08/2025 - 14h57

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VIOLÊNCIA

As cenas violentas protagonizadas por lulistas e bolsonaristas, na última sexta-feira, nas imediações do Palácio das Artes, durante o evento em que o presidente Lula assinou convênios com investimentos vultosos para Rondônia, são altamente reprováveis. No entanto, as cenas foram editadas pelos partidários do segundo grupo e utilizadas por diversos políticos da direita que cobravam ações duras contra o agressor da esquerda, envolvido no lamentável episódio.

ESTÚPIDOS

Quem assiste às gravações sem edição e sem o ranço da polarização que assola nosso país, percebe um senhor fantasiado com as cores expressadas pelos bolsonaristas avançando sobre os lulistas trajados de vermelho. Por diversas vezes ele (bolsonarista) agride os lulistas, inclusive rasgando bandeiras portadas por lulistas, até que um membro ‘bombado’ da esquerda lhe aplica um golpe violentíssimo que o leva a nocaute. São cenas horríveis de intolerância e que revelam antecipadamente os ânimos que estarão alterados nas eleições de 2026. Nada justifica tanta intolerância de ambos os lados. Uma polarização que está na hora do país rechaçar e encontrar novos caminhos diversos dessa estupidez.

LACRAÇÃO

É comum um grupo antagônico protestar contra eventos um do outro. A esquerda sempre compareceu em cerimônias para vaiar autoridades ligadas à direita. O que não é normal, como ocorreu na capital, é comparecer ao evento do adversário deliberadamente com o ânimo de agressão física e causar balbúrdia. E foi exatamente o que aconteceu. Bastava que os deputados e senadores que usaram as cenas para passar pito no adversário, nos poupasse da desfaçatez. Mas, ao que parece, o que importa são cortes para a lacração nas plataformas digitais.

AUSÊNCIA

Não é de bom alvitre um governador evitar recepcionar um presidente por razões ideológicas. Especialmente quando a visita term como objetivo assinar convênios com liberação de um bilhão e meio de reais para serem investidos no estado, como ocorreu com a vinda de Lula para Rondônia.

POLARIZAÇÃO

A ausência de Marcos Rocha na visita de Lula é lamentável do ponto de vista da civilidade, embora compreensível na esfera política, uma vez que a maioria dos rondonienses reprova qualquer ação advinda do presidente, mesmo quando traz mais de um bilhão para Rondônia. Uma pesquisa que este cabeça chata teve acesso revela que a descortesia do governador é aprovada pela maioria do eleitor rondoniense. Vivemos tempos bicudos.

POSTURA

Já a postura do prefeito da capital Léo Moraes em comparecer ao evento com Lula para a assinatura da liberação dos recursos para o Hospital Universitário, diferente de Marcos Rocha, não lhe causa nenhum desgaste com o eleitor da capital por dois motivos: o primeiro é que parte expressiva do eleitor da capital não é extremado como do interior e, segundo, a assinatura para a aquisição de uma unidade hospitalar universitária em Porto Velho é uma reivindicação antiga da classe política, universitária e comunitária. A postura de Léo, um especialista em mídias digitais, foi bem avaliada. Único que faturou com os mimos lulistas.

CÁLCULO

Mesmo contestado por um eleitorado majoritariamente conservador, o senador Confúcio Moura, convidado por Lula para discursar, não recuou um milímetro na defesa do governo federal mesmo sabendo dos prejuízos eleitorais que a posição causa na sua reeleição. Moura é o mais longevo político com mandato em Rondônia e conhece como ninguém os meios pelos quais pode alcançar uma vitória de reeleição, hoje improvável. Com duas vagas para o Senado, um candidato que alcance trinta por cento dos votos, tem chances reais de levar uma das vagas. Os lulistas somam atualmente um eleitorado em torno 25% em Rondônia, caso decidam votar na reeleição de Moura, sobra para os diversos pré-candidatos bolsonaristas a outra vaga. O senador Confúcio sabe fazer cálculos.

DESISTÊNCIA

O senador Marcos Rogério (PL) está sendo empurrado para disputar a reeleição e abrir a vaga de candidato ao governo para o deputado federal Fernando Máximo. Caso esta dobradinha se confirme, não vai ser um passeio para Rogério, visto que o número enorme de pré-candidatos competitivos ao Senado em Rondônia vai levar à pulverização dos votos da direita, favorecendo a postulação de uma candidatura à reeleição de Confúcio Moura por uma das vagas, com o apoio do eleitor do centro e da esquerda. Uma desistência que pode lhe custar o mandato, especialmente porque em 2026, Marcos Rogério não pode contar na propaganda eleitoral com o apoio explícito do mentor Jair Bolsonaro.

REAPROXIMAÇÃO

Ainda não houve uma reaproximação entre o governador Marcos Rocha com o vice-governador Sérgio Gonçalves. Mas é perceptível que arrefeceram os ânimos acirrados entre os dois. Marcos Rocha é pré-candidato a senador e, para disputar, é obrigado a renunciar ao governo. A continuidade dessa animosidade é ruim para ambos e azeda as relações pessoais, pondo em risco os projetos eleitorais, o que exigirá do governador desistir da eleição ao Senado. O governador permanecendo no governo, Sérgio volta ao anonimato de onde saiu por obra de Marcos Rocha. A reaproximação é a saída, mesmo que seja lenta e humilhante para quem deu causa à briga.

TRAIÇÃO

Em nada adianta Sérgio Gonçalves insistir em negar que traiu Marcos Rocha. Independente da suposta conduta neutra que adotou quando houve um movimento na Assembleia Legislativa para tentar defenestrar o governador do cargo, a versão que ficou é que falaram em seu nome. Daí a traição que o governador tanto critica.

AUTOR: ROBSON OLIVEIRA





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