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EDITORIAL
Tezzari “peita” Polícia Civil com piadolas e é respondido com vídeo mostrando a devassa da Operação Face Oculta: alguém vai perder

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Entre o humor do vereador e a contundência institucional da Polícia Civil e do Ministério Público, o caso expõe um embate que dificilmente terminará sem consequências

Por Informa Rondônia - sábado, 11/10/2025 - 10h44

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Porto Velho, RO – O vereador Thiago Tezzari (PSDB) transformou em ironia uma das maiores operações recentes da Polícia Civil de Rondônia (PC/RO). Logo após ser alvo da “Face Oculta” — ação conjunta entre a Draco 2 e o Gaeco do Ministério Público Estadual (MP/RO) — o parlamentar compareceu à coletiva de imprensa do próprio órgão que o investiga, dizendo que nada tinha a esconder. “Como a gente não tem nada a temer nem a esconder, estamos agora em deslocamento para a coletiva da operação da qual a gente foi hoje o alvo”, afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais.

Durante a entrevista e nas postagens, Tezzari manteve o tom de deboche. “O que me preocupa é só se o delegado der a senha do meu celular pra minha esposa. Tirando isso, tá tudo bem”, ironizou. O parlamentar, afastado do cargo por determinação judicial, afirmou ser vítima de vingança pessoal. “Estou sendo vítima de uma vingança, de um companheiro de jornada”, declarou.

Tezzari insistiu que não há irregularidades no gabinete. “O dia que você entrar lá e tiver menos que sete funcionários, eu dou meu salário na sua conta. Qualquer um que frequenta a Câmara sabe que o meu gabinete é o mais ativo”, disse. E completou, em tom jocoso: “A última coisa rachada ali é pizza, bolo e refeição. Se isso for crime, eu vou ser condenado.”

A operação, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, apura suspeitas de peculato, associação criminosa e lavagem de capitais, ligadas ao desvio de parte da remuneração de assessores. Foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão, além de seis medidas cautelares de afastamento de função pública. O gabinete do vereador, residências, empresas e uma associação cultural ligada aos investigados foram alvos da ação.

Um dia depois do deboche do edil, a Polícia Civil publicou em sua página oficial um vídeo institucional que detalha o aparato da operação — dezenas de agentes, viaturas e o “pente fino” sobre os endereços ligados aos investigados. No material, o delegado Fred Mercury Freitas Matos afirmou: “As informações iniciais dos crimes apurados são de peculato, na forma conhecida como rachadinha, também o crime de associação criminosa, bem como possível lavagem de capitais.”

O delegado Rondinelly Moreira explicou que o conjunto de provas levou ao pedido judicial de medidas cautelares. “Após as análises dos elementos colhidos inicialmente no inquérito judicial, foi representado ao Poder Judiciário pela quebra de sigilo e também pela expedição de mandados de busca e apreensão”, declarou.

Já o delegado Roberto dos Santos descreveu o foco da investigação: “Estamos analisando uma organização criminosa e, em tese, nós estamos na fase para avaliação. Se nós estamos realmente dentro de uma organização criminosa, sendo verificado isso, nós teremos a obstrução à justiça, nesse caso.”

O delegado-geral Jeremias Mendes de Souza reforçou que o trabalho não termina com a operação. “Os trabalhos vão continuar. Várias operações estão sendo preparadas. A Polícia Civil está, a cada dia, se preparando para o futuro, em busca de apresentar para a sociedade um excelente trabalho”, disse.

A despeito do humor do parlamentar, o episódio coloca a Polícia Civil e o Ministério Público diante de um ponto sem volta: ou as investigações confirmarão as suspeitas e farão o tucano chorar das próprias piadas, ou a “Face Oculta”, lado outro, se revelará mais uma operação pirotécnica de efeitos midiáticos, cuja principal consequência será a destruição de reputações — inclusive de quem a deflagrou.

Neste embate entre deboche e dever institucional, um fato é certo: alguém vai perder.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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