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COLUNA DO MONTEZUMA
Já se passam 82 anos, desde o incentivo do Banco da Borracha à presença da VERT

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Rondônia ignora a borracha enquanto empresa franco-brasileira mantém produção e paga até R$ 20 o quilo do látex

Por Montezuma Cruz - segunda-feira, 03/11/2025 - 18h20

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Porto Velho ainda pertencia ao Amazonas no final de fevereiro de 1943, quando o diretor do Banco de Crédito da Amazônia), Ruy Medeiros, visitava a Associação Comercial de Porto Velho, lotada de seringalistas. Ali, ele expôs o plano de ampliação da extração do látex. E assim, o chamado Banco da Borracha realizou várias operações de crédito. Atualmente, o Governo de Rondônia dá especial atenção às Câmaras de Carne, Café, Leite, Soja, mas se omite em relação ao látex que protagonizou um ciclo econômico no extinto Território Federal do Guaporé.

Enquanto o governo rondoniense dá vivas ao agro, que aqui supera o valor básico de produção no País, a borracha corre ao largo dos “primos pobres”, desconhecendo-se os seus números de produção e venda.

Em alguns velhos seringais da Amazônia Ocidental, as famílias que trabalham no setor não dispõem de utensílios para a coleta, barracões e até energia elétrica.

Nos anos 1940, o entusiasmo era grande. Afinal, vivia-se o Ciclo da Borracha nos confins amazonenses, acreanos e mato-grossenses. Segundo o jornal Alto Madeira, então dirigido por Inácio de Castro em sua edição de 26/2/1943, a mobilização econômica da borracha “é um dos grandes acordos assinados em Washington, DC (EUA), entre os governos brasileiro e norte-americano.

Atualmente, pouco se sabe do setor. Nem a vida dos seringueiros remanescentes, nem a comercialização da borracha aparecem nos observatórios econômicos criados pelo Governo de Rondônia. Mas o setor existe e trabalha quase silenciosamente no interior de Unidades de Conservação, onde o subsídio do quilo do látex de seringueira nativa é pago a R$ 2,30 pelo governo estadual, enquanto a borracha de seringais de cultivo recebe R$ 1,30.

Em algumas dessas áreas trabalha a empresa franco-brasileira VERT Veja pagando R$ 15 o quilo da borracha bruta, com bonificação que alcança R$ 17,30 e R$ 20,30 pagaria, se o subsídio fosse pago em dia.

A empresa atua também no Acre, adquirindo cada vez látex de seringais nativos, porque a qualidade dele apresenta densidade 30% mais forte do que a de seringais de cultivo e garantem melhores produtos. A VERT Veja trabalha desde 2004 com objetivo de produzir tênis conectando projetos sociais, justiça econômica e materiais agroecológicos.

Este repórter constatou em Novo Hamburgo (RS) neste novembro de 2025 o resultado das compras de látex pela VERT Veja em Rondônia. Com ele, a empresa francesa-brasileira se dedica atualmente à fabricação de calçados da linha branca, destacando-se o conhecido sapatênis.

Em 1943, o jornal Alto Madeira noticiava a visita do diretor do Banco de Crédito da Amazônia (Reprodução)

Em 2024, o vice-governador de Rondônia, Sérgio Gonçalves, em reunião na Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), da qual era titular, prometeu à Organização dos Seringueiros de Rondônia, recursos para a aquisição de equipamentos que seriam distribuídos a comunidades de seringais nativos e hoje reutilizados. Não cumpriu o compromisso.

Rondônia possui 30 terras indígenas, 25 reservas extrativistas. No conjunto, 63% são áreas protegidas. A Resex do Rio Cautário está dividida em sete comunidades: Águas Claras, Canindé, Ilha/Jatobá, Lago Verde, Laranjal, Ouro Fino e Vitória Régia. Entre 30% e 33% são áreas de uso sustentável, terras indígenas e unidades de conservação. Há uma população de 15 mil pessoas, cuja tradição é pautada no extrativismo.

A importância da retomada dos seringais nativos é tema da professora Rosalina dos Santos Dias, descendente de extrativistas, que estudou o setor e analisou economicamente sua viabilidade, com o projeto de manejo florestal da Resex Rio Cautário.
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Foto de capa: Látex extrtaído em seringal nativo na Comunidade Canindé, na Rexex Rio Cautário (Foto Frank Néry)

AUTOR: MONTEZUMA CRUZ





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