Mercado projeta manutenção da taxa no maior patamar desde 2006
Porto Velho, RO – A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a Taxa Selic será conhecida no início da noite desta quarta-feira (4). A expectativa entre analistas é que o colegiado mantenha a taxa básica de juros em 15% ao ano, nível que não era registrado desde julho de 2006, quando estava em 15,25%.
A reunião desta semana é a penúltima de 2025. Desde setembro do ano anterior, o Copom elevou a Selic em sete encontros consecutivos e, nas reuniões de julho e setembro deste ano, optou por mantê-la estável. Na ata mais recente, o comitê sinalizou que os juros devem continuar nesse patamar por um período prolongado.
O documento destacou que o cenário econômico dos Estados Unidos e as tarifas aplicadas pelo país vêm exercendo influência mais significativa sobre os preços de mercado do que questões estruturais internas. No Brasil, a inflação tem mostrado desaceleração, mas itens como energia elétrica continuam pressionando o índice.
De acordo com o boletim Focus — pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central —, a previsão é que a Selic permaneça em 15% até o fim de 2025 ou início de 2026. A principal incerteza está em quando ocorrerá a primeira redução no próximo ano.
A Taxa Selic é a base das demais taxas de juros da economia e serve de referência para as operações com títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). É o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para manter a inflação dentro das metas. Para isso, a autoridade monetária realiza operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais a fim de manter a taxa próxima ao valor definido nas reuniões do Copom.
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Quando a Selic é elevada, o objetivo é reduzir o consumo e conter a pressão sobre os preços, já que os juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Por outro lado, taxas elevadas tendem a desacelerar o crescimento econômico. A redução da Selic tem efeito contrário, estimulando a produção e o consumo, o que pode diminuir o controle da inflação. Além da Selic, os bancos consideram fatores como risco de inadimplência, custos e margem de lucro ao definir os juros cobrados dos clientes.
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia, são apresentadas análises sobre o comportamento das economias brasileira e internacional, além da avaliação do mercado financeiro. No segundo, os diretores do Banco Central discutem e decidem a nova taxa.
A inflação permanece no centro das atenções. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia do indicador oficial, registrou alta de 0,18% em outubro, acumulando 4,94% nos últimos 12 meses. Os alimentos tiveram queda média de preços pelo quinto mês seguido. O resultado completo do IPCA será divulgado em 11 de novembro.
O boletim Focus mais recente reduziu a projeção de inflação para 2025, de 4,8% para 4,55%, ainda acima do teto da meta contínua do Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O modelo de meta contínua, em vigor desde janeiro, determina que o Banco Central deve perseguir uma meta de inflação de 3% com base no acumulado de 12 meses, revisado mês a mês. Assim, a inflação de novembro de 2025 será comparada à variação desde dezembro de 2024, e o processo se repete nos meses seguintes.
No Relatório de Política Monetária divulgado no fim de setembro, o Banco Central manteve a previsão de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 em 4,8%. O órgão poderá revisar o dado na próxima edição do relatório, prevista para dezembro, de acordo com o comportamento do câmbio e dos preços.




