Divisão bolsonarista, construção de presídio na Amazônia e cobrança antecipada de pedágio pautam cenário político de Rondônia
Pedrada certeira
Projeto do deputado Lucio Mosquini (MDB-RO) instituindo lei que vai permitir ao produtor rural usar créditos de carbono para pagar tributos teve uma excelente acolhida em todo o país. Não é surpresa, nesse caso, que já tenha sido aprovado recentemente na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Como se fosse a feliz pedrada que disparada no espelho d’água bate em três lugares em sequência, via empuxo, o projeto faz do reconhecimento do valor econômico da floresta em pé e a sua necessária monetização uma forma de aliviar o peso fiscal do setor agropecuário, via regra acusado de grande responsável por emissões de gases de efeito estufa no país.
Ao incentivar a rápida monetização (1) para aliviar a carga tributária (2) mantendo a floresta em pé (3) acrescente-se uma quarta batida da pedra: quanto mais expressiva for a aquisição dos créditos de carbono, menor será a parcela dos acusados de contribuir com o aquecimento global, história muito maior e mais complexa que simplesmente apontar arrogantemente o indicador acusatório para os produtores.
A exploração da terra em padrões antigos é de fato a grande vilã das emissões brutas de carbono, mas as ações de modernização farão as correções. Quando se tirar de cena a polarização entre catastrofistas ambientais e destruidores da floresta será possível ver que o aquecimento global são outras 500 pedradas.
Racha bolsonarista
O racha no meio bolsonarista em Rondônia trará grandes prejuízos a parlamentares fieis ao mito. Em Ji-Paraná e na região central na disputa ao Senado, a deputada federal Silvia Cristina (PP) será a grande prejudicada pelo anuncio do ex-presidente a candidatura do pecuarista Bruno Sheid. Ambos podem naufragar com este divisionismo político na BR e o novo contexto poderá mudar os planos da parlamentar se voltando a reeleição, num quadro bem mais favorável para seu projeto político. No estado, o também bolsonarista Fernando Máximo (União Brasil) seria outro nome sacrificado na disputa ao Senado por Bolsonaro.
Presidio na Amazônia
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
A construção de um monumental presidio na Amazônia, pela Guiana Francesa será mais um presente de grego para a região amazônica. Com ele virão familiares e amigos da nata dos criminosos europeus para a região, já infestada de terroristas, de contrabandistas, de garimpeiros ilegais, de narcotraficantes. Faz lembrar o governo brasileiro que instalou em Porto Velho em meados dos anos 2000, a penitenciária federal de Rondônia. A criminalidade então multiplicou-se logo em seguida e de lá para cá nenhum governador conseguiu refrear a criminalidade instalada aqui com tantos bandidos importados dos grandes centros.
Cobrança antecipada
As lideranças políticas de Rondônia protestaram e cobraram da União uma solução para a cobrança do pedágio antecipado na concessão da BR 364. A duplicação inicialmente terá apenas 180 quilômetros pavimentados, mas os pedágios serão cobrados em toda rodovia. Me parece tudo encaminhado para favorecer a empreiteira que venceu a licitação que queria instalar até primeira praça de pedágio em Candeias do Jamari, cidade dormitório de Porto Velho, medida que foi abolida pela pressão da bancada federal e lideranças rondonienses. Agora já se fala em cobrar pedágio até no Rio Madeira. Imagine, o caro aldeão pescar em Nazaré e pagar pedágio na ida e na volta. É coisa de louco!
Vocação conservadora
Muita gente busca explicação para a vocação conservadora de Rondônia na escolha dos seus governantes, o que vem ocorrendo desde a criação do estado. Isto vem da década de 80, quando o então presidente Figueiredo e o ministro o interior Mário Andreazza jorravam recursos maciços para estruturar o estado, na gestão do governador nomeado Jorge Teixeira de Oliveira, com atuação excepcional como prefeito de Manaus também. Grandes obras foram realizadas nesta aliança da esfera estadual com a federal. Nem as gestões de Lula 1 e Dilma 1, injetando também milhões em Rondônia, mudaram esta situação. O perfil conservador é amplificado com o comportamento conservador dos evangélicos, 35 por cento do eleitorado rondoniense.
A antecipação
Não é da conveniência do vice-governador Sergio Gonçalves, candidato declarado ao governo estadual no ano que vem, antecipar a corrida eleitoral 2026. Também deveria ser evitado o mesmo comportamento para o governador Marcos Rocha, declaradamente postulante a uma cadeira ao Senado. O resultado desta articulação de antecipar o processo eleitoral é levar mais cacete da oposição, se multiplicarem as conspirações da classe política e, como consequência uma campanha mais cara para os dois. Os políticos mais experientes estão procrastinando suas campanhas para 2026.
Via Direta
*** É prudente as mulheres trancarem melhor suas portas e janelas nas suas casas na periferia de Porto Velho. Temos casos de estupros e feminicidios que já vem de algum tempo. Todo cuidado é pouco *** O ex-presidente Jair Bolsonaro já escolheu seus candidatos ao Senado em Rondônia e no Amazonas: em Rondônia, o pecuarista Bruno Sheidt, no Amazonas o capitão Alberto Neto *** Na medida em que vai se caracterizando mesmo a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, os governadores e lideranças a direita vão se juntando a candidatura presidenciável do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, aquele que foi ministro de Dilma Rousseff e hoje é um devoto do bolsonarismo *** Temos muitos petistas que se tornaram bolsonaristas.
