HISTÓRIA EM CENA
Documentário sobre língua Makurap é produzido com participação indígena em Rondônia

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Gravações ocorreram na Aldeia Barranco Alto durante encontro de povos das Terras Indígenas Rio Branco e Guaporé; lançamento está previsto para novembro de 2025

Por Informa Rondônia - quarta-feira, 28/05/2025 - 16h15

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Porto Velho, RO – Um projeto audiovisual voltado à valorização do idioma Makurap está sendo produzido com a participação direta de indígenas da Terra Indígena Rio Branco, localizada em Alta Floresta D’Oeste, em Rondônia.

As gravações do curta-metragem intitulado “Ki Mõyen – Nossa Língua Makurap” tiveram início durante um encontro realizado entre os dias 7 e 13 de maio, na Aldeia Barranco Alto, e contaram com a presença de membros das Terras Indígenas Rio Branco e Rio Guaporé.A obra surge da articulação entre universidades federais, coletivos e instituições públicas.

A Universidade Federal de Rondônia (UNIR), por meio do Departamento de Educação Intercultural Indígena (Deinter), e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão entre os principais realizadores, com apoio da Associação Indígena Awandá, do Coletivo Lakapoy e da produtora Elaborado Filmes. O projeto recebe recursos da Lei Paulo Gustavo, conforme o Edital nº 01/2024-SEJUCEL, e conta ainda com suporte institucional da FUNAI, Forest Trends e da Prefeitura de Alta Floresta D’Oeste.

A pesquisadora Roseline Mezacasa, professora da UNIR que acompanha o povo Makurap há mais de uma década, destacou que a iniciativa responde a uma solicitação da própria comunidade. De acordo com ela, a proposta tem como foco o registro e a valorização da língua nativa, bem como o fortalecimento do papel de professores, lideranças e jovens indígenas na preservação cultural.

“O estado de Rondônia abriga mais de 30 povos indígenas e é considerado o mais diverso linguisticamente do Brasil. No entanto, essa riqueza cultural ainda é pouco reconhecida fora dos territórios indígenas”, afirmou.

Durante a semana de atividades, ocorreram práticas tradicionais como rituais, cânticos e contações de histórias conduzidas por anciãos e anciãs. Parte dessas lideranças visitou o território ancestral pela primeira vez desde a remoção promovida por órgãos indigenistas nos anos 1970. A experiência foi apontada pela comunidade como um reencontro com as raízes e uma reafirmação do compromisso com a continuidade da língua Makurap.

O documentário também possui função educativa. Jovens e professores indígenas integram a equipe de produção, com acesso a capacitação técnica, ampliação das possibilidades de renda e criação de redes locais de comunicação. Além disso, o projeto se alinha a instrumentos legais e políticas públicas como o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (IPHAN), a Lei nº 11.645/2008 — que trata do ensino da cultura indígena nas escolas —, a Década Internacional das Línguas Indígenas (UNESCO), e as diretrizes curriculares da educação escolar indígena.

Com previsão de lançamento para novembro de 2025, o filme deve circular por escolas, universidades e eventos culturais em Rondônia, Paraíba, Santa Catarina e fora do país. A proposta é contribuir para o reconhecimento da diversidade linguística e incentivar o diálogo entre culturas.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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