Senador critica governo federal e compara tratamento dado a Lula e Bolsonaro em processos judiciais
Porto Velho, RO – A recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suscitou reações no Senado brasileiro. Em discurso no plenário no dia 8 de julho de 2025, o senador Marcos Rogério (PL-RO) afirmou que o apoio de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) representa um “alerta internacional” e criticou a resposta do governo Lula à manifestação do norte-americano.
Segundo Rogério, o ex-presidente dos Estados Unidos traçou um paralelo entre os processos enfrentados por ele próprio e aqueles que Bolsonaro tem enfrentado no Brasil. “O Presidente Trump comparou o que Bolsonaro está enfrentando com aquilo que ele próprio viveu nos Estados Unidos”, declarou. Ele acrescentou que Trump afirmou “com todas as letras” que o Brasil estaria realizando um tratamento “terrível” contra Bolsonaro.
Durante o discurso, Marcos Rogério mencionou que Trump disse que Bolsonaro “não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo seu povo”, e teria pedido que o deixassem “em paz”. O senador defendeu que julgamentos políticos devem ocorrer “pelas urnas, e não pelos tribunais”.
Rogério também rebateu a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que Trump não deveria “dar palpite sobre a nossa vida”. O senador classificou como “incoerente” a posição do governo federal. “O mesmo Governo que buscou socorro lá fora agora diz que não admite palpite”, disse.
Ele citou iniciativas internacionais promovidas pelo Partido dos Trabalhadores em episódios anteriores, como o envio de pedidos ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, a criação de um comitê internacional por Celso Amorim para divulgar informações sobre a prisão de Lula, a solicitação de missão do Parlamento Europeu e até mesmo a produção de vídeo para a emissora Al Jazeera. “Naquela época, o PT correu o mundo pedindo ajuda internacional \[…]; tentaram até o Nobel da Paz”, afirmou.
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O senador também comparou os casos envolvendo Lula e Bolsonaro. Segundo ele, Lula foi condenado e preso por “crimes de corrupção, fraude, desvio de dinheiro público, rombo nas estatais”, enquanto as acusações contra Bolsonaro seriam “fabricadas” e baseadas em “narrativas construídas… para justificar uma condenação política”.
Rogério disse ainda que o objetivo seria impedir a participação de Bolsonaro nas eleições presidenciais. “Querem tirar Bolsonaro do jogo eleitoral de 2026, querem impedir Bolsonaro de ser candidato à Presidência da República. Aqui está o verdadeiro golpe à democracia”, declarou. E completou: “A maior expressão da democracia é o direito de votar e de ser votado.”
O pronunciamento teve apoio dos senadores Esperidião Amin (PP-SC) e Magno Malta (PL-ES). Amin mencionou a postura de Lula em relação à Argentina, ao lembrar que o presidente brasileiro pediu apoio internacional para a libertação de uma pessoa condenada naquele país. “Na semana passada, todos nós assistimos à cena do Presidente Lula clamando pela libertação de uma pessoa condenada pelo Judiciário da Argentina… mas, se o Presidente dos Estados Unidos faz um comentário que tem eco… aí é interferência”, disse.
O senador de Rondônia reforçou essa crítica ao citar a operação do governo brasileiro para buscar a ex-primeira-dama do Peru. “O que houve ali foi uma extração, mas aí não é interferência na soberania nacional do país vizinho”, comentou.
Durante o aparte, Magno Malta parabenizou Marcos Rogério por seu aniversário, comemorado no dia anterior, e reiterou críticas ao Supremo Tribunal Federal, ao governo federal e às ações internacionais da presidência, que classificou como “interferências seletivas”.
No encerramento da fala, Rogério concluiu: “O Brasil precisa de coerência, e não de teatro político; de Justiça, e não de perseguição seletiva.”