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EDITORIAL
Ao expor falhas da gestão passada, Jaime Gazola pode ser a primeira grande pedra no sapato de Hildon Chaves

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Ao admitir planos eleitorais e detalhar projetos para a saúde, secretário de Léo Moraes lança críticas indiretas que podem influenciar a disputa pelo governo de Rondônia em 2026

Por Informa Rondônia - terça-feira, 23/09/2025 - 10h04

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A participação do secretário municipal de Saúde de Porto Velho, Jaime Gazola Filho, no podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira em parceria com o Rondônia Dinâmica, revelou mais do que balanços administrativos: expôs a interseção inevitável entre gestão pública e ambições eleitorais. Considera-se que, ao falar sobre filas reduzidas, violência contra servidores e planos de um hospital universitário, Gazola buscou não apenas justificar sua atuação, mas também projetar-se como peça de peso no tabuleiro político que se arma para 2026.

A recusa em mencionar diretamente o nome do ex-prefeito Hildon Chaves, hoje pré-candidato ao governo, não elimina a crítica implícita ao legado que deixou na área da saúde. Ao narrar a herança de unidades em ruínas e déficit de profissionais, Gazola sinalizou os limites da gestão anterior sem citá-la. Esse silêncio calculado soa menos como deferência e mais estratégia, típica de quem pretende disputar espaço sem abrir flancos prematuros.

A análise de suas falas também evidencia um discurso de legitimação. Ao destacar a queda no tempo de espera nas UPAs e a criação dos chamados “corujões”, busca-se fixar a imagem de gestor eficiente, capaz de reverter gargalos históricos. Do mesmo modo, a aposta em adquirir um hospital pronto para transformá-lo em universitário apresenta-se como alternativa pragmática diante de um histórico de obras inconclusas em Rondônia. Todavia, compreende-se que a decisão ainda dependerá de aval do Tribunal de Contas, o que adiciona incerteza e risco político ao projeto.

No campo da segurança dos servidores, ao relativizar os casos de agressões registrados e prometer reforço da guarda municipal, Gazola procurou transmitir controle sobre problemas recorrentes. No entanto, o episódio reforça a vulnerabilidade estrutural de um sistema de saúde pressionado por carências múltiplas.

A projeção eleitoral emergiu de forma explícita quando o secretário admitiu conversas para compor nominata federal pelo Podemos, cogitando candidatura à Câmara dos Deputados. Entende-se que tal movimento, somado à defesa pública de um hospital universitário, configura-se como tentativa de se apresentar não apenas como gestor, mas como alternativa política de maior alcance. Nessa equação, o silêncio em relação a Hildon Chaves torna-se ainda mais eloquente: o alvo está delineado, ainda que não pronunciado.

A entrevista posicionou Gazola como ator que transita entre o discurso técnico e a construção de capital político. Sua narrativa, ao mesmo tempo defensiva e propositiva, pode marcar o início de uma ofensiva que resvala diretamente nos projetos de quem pretende comandar Rondônia em 2026. Entende-se, assim, que a saúde municipal deixa de ser apenas pauta administrativa para se tornar arma estratégica no embate eleitoral que se aproxima.

Ainda que não dispute o mesmo cargo que Hildon Chaves, as críticas de Gazola ao legado da saúde em Porto Velho funcionam como munição para adversários do tucano. Entre esses nomes, destaca-se o médico e deputado federal Fernando Máximo, aliado em ascensão de Léo Moraes, que pode se beneficiar do desgaste projetado sobre o ex-prefeito.

Resta ao eleitorado discernir se os avanços prometidos resistirão ao teste do tempo ou se ficarão restritos ao cálculo político que moldou a conversa.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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