Comparativo entre capitais e favelas expõe Porto Velho como símbolo do abandono em saneamento e infraestrutura
Porto Velho, RO – O IBGE publicou uma recente pesquisa e mostrou que as três maiores favelas do Brasil são, pela ordem, a Rocinha no Rio de Janeiro com exatos 72.021 habitantes, em segundo lugar vem a favela Sol Nascente no Distrito Federal com 70.908 habitantes e em terceiro está a favela de Paraisópolis em São Paulo com 58.527 moradores. Pode haver um erro nessa publicação, pois dependendo dos itens avaliados, Porto Velho, a eterna capital de Roraima, com quase 500 mil habitantes, é hoje a maior de todas as favelas do Brasil se forem levados em consideração só três aspectos: percentual de água encanada oferecida à população, acesso à rede de esgotos e de saneamento básico e itens de lazer. Porto Velho, que segundo o próprio IBGE não é uma favela, perde feio para qualquer uma das “comunidades” listadas. Pouca gente aqui sabe: muitos de nós somos favelados!
Das três favelas apontadas, a Rocinha no Rio de Janeiro é a que apresenta os piores índices de saneamento básico e de água tratada. Mesmo assim, está a anos-luz de distância dos números da “Capital dos Destemidos Pioneiros”. Segundo o Instituto Trata Brasil, Porto Velho tem pouco mais de três por cento de saneamento básico e apenas uns 35 por cento de água encanada. A realidade de saneamento básico das favelas do Rio de Janeiro ultrapassa, e muito, essa condição da “Capital das Sentinelas Avançadas”. E a Rocinha é uma favela, enquanto nós somos “orgulhosamente” uma capital de Estado. Isso sem falar na mobilidade urbana daquele bairro do Rio, próximo ao metrô. Lazer? A Rocinha está bem em frente ao mar, a menos de dois quilômetros da areia da praia de São Conrado. E Ipanema e Copacabana, conhecidas mundialmente, estão logo ali: uns vinte minutos a pé.
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Porto Velho, uma capital, não tem sequer mobilidade urbana, não tem praias e muito menos metrô. Já a favela Sol Nascente, no Distrito Federal, tem recebido investimentos em saneamento básico, como a construção de redes de esgoto e água. Lá, foram construídos quase 260 km de rede de esgotos e 177 km de rede de água. O governo do DF investiu mais de 58 milhões de reais nas estruturas de abastecimento e saneamento básico na região. E cerca de 70 mil moradores, ou seja, quase 100 por cento dos moradores dessa favela, já são atendidos. Na terceira maior favela do Brasil, Paraisópolis em São Paulo/Capital, pelo menos 88 por cento das residências têm ligação direta com a rede de esgoto e 99% são abastecidas pela rede de água. Um verdadeiro paraíso se ela for comparada a Porto Velho. Fato: morar em favela, às vezes, é melhor do que numa capital.
Outro dia, durante um debate político, um candidato a prefeito disse que Porto Velho se parecia com uma imensa favela. Ele quase apanhou das pessoas ali presentes por ter falado essa verdade, que muitos rondonienses nativos e também os “rondonienses de coração” tentam esconder. Outra coisa boa de se morar numa favela é que lá não tem prefeito nem vereadores. Pode-se até falar na violência que existe nas favelas. Bobagem, tolice. Acredita-se que pelo menos 98 por cento das famílias que ali residem são pessoas boas, honestas, de bom caráter e de boa índole. São gente que trabalha para ter o seu sustento diário. A violência está em toda parte. Ladrões? Ora, na política talvez tenha até mais gente desonesta do que nas favelas. Há atualmente uma propaganda na mídia local dizendo que Porto Velho, em 2024, subiu de nível. Pura mentira, hipocrisia, fake news. Dentre as maiores cem cidades do Brasil, em 2023 éramos a 97ª e hoje somos a 100ª pior.
*Foi professor em Porto Velho
AUTOR: PROFESSOR NAZARENO
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