Movimentações políticas do governador de Rondônia indicam estratégia para o Senado, mas ruídos internos e disputas partidárias não facilitam o jogo
Porto Velho, RO – O governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (União Brasil), intensificou nas últimas semanas sua aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reforçando seu vínculo com o bolsonarismo ao mesmo tempo em que mantém laços com a direção nacional do seu partido. O cenário sugere uma preparação para 2026, quando Rocha deve disputar uma vaga ao Senado. Contudo, as recentes movimentações políticas, incluindo a exoneração de Júnior Gonçalves, presidente do União Brasil no estado, indicam que há desafios internos que podem influenciar seus planos.
Eleito governador em 2018 na onda bolsonarista, Marcos Rocha construiu sua trajetória política ancorada na relação com Jair Bolsonaro. Em 2022, reelegeu-se sem apoio direto do ex-presidente, vencendo no segundo turno o então candidato do PL, Marcos Rogério. Desde então, Rocha tem adotado um perfil mais moderado em comparação ao espectro político que o elegeu, o que o permitiu consolidar apoio de setores pragmáticos.
O União Brasil, partido ao qual Rocha se filiou, tem uma posição híbrida no cenário nacional, oscilando entre o apoio ao governo federal e a oposição em pautas específicas. Essa característica faz da legenda um ponto de tensão para políticos que, como Rocha, mantêm alinhamento ideológico com Bolsonaro, mas precisam administrar a relação com uma sigla que nem sempre caminha na mesma direção.
Nos últimos dias, Rocha postou uma mensagem em suas redes sociais destacando um encontro com Bolsonaro e Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil. No texto, fez questão de enfatizar sua gratidão ao ex-presidente e reforçou sua identidade política ligada ao bolsonarismo, mesmo estando em um partido distinto.
A publicação também serviu como um aceno estratégico, indicando que Rocha não pretende se afastar da base bolsonarista, essencial para uma candidatura ao Senado em 2026. Paralelamente, há rumores sobre sua intenção de assumir maior controle do União Brasil em Rondônia, o que o colocaria em posição mais confortável dentro da legenda.
A movimentação de Marcos Rocha ocorre em um contexto em que o bolsonarismo continua a ser uma força política expressiva em Rondônia. A disputa pelo Senado em 2026 promete ser acirrada, especialmente se Marcos Rogério buscar a reeleição, o que reeditaria o embate de 2022 entre os dois.
Ao reforçar sua ligação com Bolsonaro, Rocha sinaliza que pretende disputar o voto conservador sem abrir mão da estrutura partidária do União Brasil. No entanto, a relação com a cúpula estadual da legenda pode ser um entrave. A exoneração de Júnior Gonçalves, irmão do vice-governador Sérgio Gonçalves, levantou questionamentos sobre a unidade do grupo político de Rocha dentro do partido.
AS ÚLTIMAS DO INFORMA RONDÔNIA
++++
Além disso, há especulações sobre a tentativa do governador de assumir o comando do União Brasil em Rondônia. Caso essa estratégia se confirme, pode haver um embate interno na legenda, principalmente se houver resistência da ala ligada a Júnior Gonçalves e outros aliados.
No cenário nacional, o União Brasil tem sido um partido de difícil enquadramento ideológico, transitando entre o apoio e a oposição ao governo federal. Isso pode colocar Rocha em uma situação delicada, já que, ao mesmo tempo em que busca reforçar seu vínculo com Bolsonaro, precisa administrar as dinâmicas internas do partido e sua relação com Brasília.
Se Marcos Rocha pretende disputar o Senado, precisará garantir uma base política sólida e uma legenda que lhe dê segurança eleitoral. A depender dos desdobramentos internos do União Brasil, ele pode enfrentar dificuldades para consolidar seu espaço dentro do partido. Caso esse cenário se torne inviável, a filiação ao PL para um alinhamento mais direto com Bolsonaro não está descartada.
Por outro lado, se Rocha conseguir controlar o União Brasil em Rondônia e manter sua aproximação com o ex-presidente, poderá construir uma candidatura ao Senado sem depender de uma mudança partidária. Essa estratégia, no entanto, exige habilidade política para evitar fissuras internas e garantir apoio de setores que transitam entre o bolsonarismo e um pragmatismo partidário.
A posição de Marcos Rogério também será determinante nesse tabuleiro. Caso ele confirme sua candidatura à reeleição, Rocha poderá enfrentar um embate direto pelo eleitorado conservador. Além disso, há a possibilidade de uma terceira candidatura competitiva no estado, o que pode fragmentar os votos e tornar a disputa ainda mais imprevisível.
As movimentações recentes de Marcos Rocha indicam um projeto político bem delineado para 2026, com foco no Senado Federal. Sua estratégia de se manter próximo de Bolsonaro sem romper com o União Brasil demonstra um cálculo pragmático, mas também envolve desafios internos que podem definir os rumos de sua candidatura.
O cenário ainda está em construção, e os próximos meses serão decisivos para entender como Rocha lidará com as disputas internas do partido e com o posicionamento do bolsonarismo em Rondônia. Para ele, o desafio será equilibrar interesses divergentes sem perder o apoio de uma base eleitoral que, embora fiel, pode se dividir diante de novas alternativas no estado.
AUTOR: INFORMA RONDÔNIA