EDITORIAL
Eles se odeiam, depois se amam: a política de Rondônia tem dessas coisas…

Relações voláteis marcam a trajetória política no estado, com reconciliações que desafiam a coerência partidária

Por Informa Rondônia - domingo, 23/02/2025 - 11h08

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Porto Velho, RO – A política de Rondônia se assemelha a um ciclo de alianças efêmeras e rivalidades intensas que, em um momento, parecem irreversíveis e, no seguinte, se transformam em abraços públicos e juras de perdão. O histórico recente do estado comprova que inimizades políticas podem ser passageiras, principalmente quando há interesses eleitorais em jogo. Os casos do senador Confúcio Moura (MDB) e do deputado estadual Luizinho Goebel (Podemos) ilustram essa dinâmica volátil.

Confúcio Moura, que governou Rondônia por dois mandatos (2011-2018), enfrentou uma intensa disputa interna dentro do MDB ao lançar-se candidato ao Senado em 2018. O então senador Valdir Raupp, figura influente no partido, não aceitou pacificamente a ascensão de Confúcio. O clima pré-convenção foi marcado por tensão extrema entre aliados, culminando no episódio em que Tomas Correia, próximo a Raupp, agrediu Emerson Castro, chefe da Casa Civil na gestão de Confúcio, com um tapa. Naquele momento, parecia impossível imaginar qualquer tipo de aproximação entre os grupos.

O site Rondônia Dinâmica falou sobre o assunto em editorial veiculado neste último sábado (22). Clique aqui e confira.

Recentemente, o agora senador Confúcio declarou que Valdir Raupp faz falta à política de Rondônia e que gostaria de vê-lo de volta ao cenário eleitoral. A reconciliação demonstra que, na política rondoniense, desavenças são superadas à medida que interesses convergem. Moura também se aproximou do PT, elogiou publicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fez críticas à extrema-direita. Seu movimento pode ser interpretado como uma tentativa de pavimentar uma possível candidatura ao governo estadual em 2026, em um estado onde mais de 70% dos eleitores apoiaram Jair Bolsonaro (PL) no último pleito presidencial.

A história de Luizinho Goebel segue uma lógica semelhante. Durante o primeiro mandato do governador Marcos Rocha (União Brasil), entre 2019 e 2022, Goebel era um dos principais aliados do governo na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), atuando como líder da base. No entanto, em 2022, ele abandonou Rocha para apoiar Marcos Rogério (PL), adversário do governador na disputa pelo comando do estado. A decisão não apenas rompeu a aliança política, mas também gerou ataques diretos, com Goebel criticando Rocha publicamente.

RELEMBRE:
Após trair Marcos Rocha para apoiar senador do PL em 2022, Goebel pede desculpas e é perdoado pelo governador

Anos depois, em fevereiro de 2025, Luizinho Goebel fez um pedido público de desculpas ao governador durante um evento oficial, reconhecendo que chegou a ofendê-lo no âmbito pessoal. “Às vezes eu até faltei com respeito com o senhor, como cidadão, não como governador, não como coronel”, declarou o deputado, que atribuiu sua mudança de postura a uma reflexão tardia. Rocha, por sua vez, respondeu de maneira simbólica: “Perdoado em nome de Jesus!”

Os episódios reforçam que a política rondoniense é pautada mais pela conveniência do que por convicções sólidas. Inimigos se tornam aliados e vice-versa, dependendo do momento eleitoral. Enquanto Confúcio Moura busca se reposicionar para 2026, unindo antigos adversários e ensaiando um discurso mais progressista, Luizinho Goebel, que já se desentendeu com Rocha, agora busca reaproximação.

O jogo político é marcado por pragmatismo. No entanto, a volatilidade excessiva pode custar caro. O eleitorado rondoniense, majoritariamente conservador, observa esses movimentos e pode reagir negativamente a mudanças bruscas de posicionamento. Para os políticos, resta a dúvida: até que ponto esses recomeços são estratégicos e até que ponto podem se transformar em novas rupturas?

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





COMENTÁRIOS:

NOME: Rubens José Lucas

COMENTÁRIO:

Se não ouver alguns desentendimentos não é política. Acertos e desacertos fazem parte do jogo político.

23/02/2025