Uma crítica ácida ao cenário político nacional e de Rondônia, marcada por descrença nas instituições, indignação com líderes eleitos e repúdio ao comportamento do eleitorado
Professor Nazareno*
O jornalista e crítico social norte-americano Henry Louis Mencken, afirmou certa vez que “todo ser humano decente devia se envergonhar do governo que tem”. Já se passou mais de um século dessa afirmação e mesmo hoje em dia, mais do que nunca, essa veracidade é observada normalmente em quase todos os governos espalhados pelo mundo. No Brasil, a vergonha que grande parte de nossos cidadãos eleitores têm de seus governantes vem desde a época da Colônia, passando pelo Império e, claro, até na República. Óbvio que existem eleitores que endeusam seus representantes, mas apenas por que têm a certeza de que terão algum benefício depois. Na última eleição presidencial, por exemplo, milhões de brasileiros votaram em dois “caras” cheios de defeitos e de erros, mas que para o eleitor comum eles significavam um tipo de reencarnação de Deus.
Lula, ex-presidiário e envolvido em inúmeros casos de maracutaias, de propinas e de corrupção explícita, estava preso em Curitiba já havia quase dois anos. Mas saiu da cadeia direto para o Palácio do Planalto. E pior: para nos governar. É o nosso atual presidente, pois recebeu mais de 60 milhões de votos dos seus eleitores que, juntos ao seu “herói”, comemoraram a vitória efusivamente. Os únicos que se envergonham de Luiz Inácio Lula da Silva são os seus opositores, que votaram na outra triste e vergonhosa opção: Jair Messias Bolsonaro. Como cada eleição é uma espécie de “leilão antecipado de bens roubados da própria população”, durante a fatídica presidência de Bolsonaro lhe apelidaram de “Mito”. E sem nenhuma vergonha na cara, muitos de seus aduladores nem desconfiaram de que “um bom político é algo tão impensável quanto um ladrão honesto”.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Em Brasília, ainda fazem parte do governo federal o Poder Legislativo com a Câmara Federal e o Senado, que dispensam quaisquer comentários otimistas, e o Poder Judiciário com o STF, Supremo Tribunal Federal, e muitos outros órgãos, que nem é bom tecer qualquer opinião a respeito deles. Dessa maneira, não há como um cidadão honrado e cumpridor de suas obrigações não se sentir envergonhado pelo governo que tem. Em Rondônia, uma província pobre, atrasada e incivilizada do país, a situação tende a ser muito pior. E de fato é. O atual governador de Rondônia é um coronel da PM. Seguidor e admirador do “Mito”, que será preso pela tentativa de dar um golpe, ele tem uma administração pífia que é um fracasso só. Prometeu construir um novo hospital de pronto-socorro para a capital e fracassou redondamente. Era o “Built to Suit”, que deu em nada.
Porém, muitos rondonienses não se envergonham desse coronel. Pelo contrário: prometem que vão elegê-lo para qualquer cargo depois que ele deixar de ser governador. Realmente, “a democracia é a crença patética na sabedoria da ignorância individual. Uma espécie de adoração de lobos famintos por burros”. Em Rondônia existem também a Assembleia Legislativa e alguns tribunais do Judiciário que fazem parte do governo provincial. Será que alguém não se envergonha do que têm feito os deputados estaduais de Rondônia? Em Porto Velho, a suja e fedorenta capital, o governo é o prefeito junto à Câmara de Vereadores. Léo Moraes se elegeu, mas usa de forma vergonhosa a internet e a mídia para fazer propaganda de si mesmo. Já muitos dos vereadores só envergonham o tosco eleitorado. Estou envergonhado, pois “se um político soubesse que havia canibais entre seus eleitores, lhes prometia missionários, como padres e pastores, para o jantar”.
*Foi Professor em Porto Velho.
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