RESENHA POLÍTICA
Marina Silva uma voz que consegue reverberar; viúvas da Cassolândia; e muita gente vai dançar

🛠️ Acessibilidade:

Polêmicas ambientais, bastidores políticos e contradições expostas no cenário rondoniense

Por Robson Oliveira - quarta-feira, 28/05/2025 - 15h06

Conteúdo compartilhado 324 vezes

 MEIO AMBIENTE

É impressionante a visão tosca dos nossos legisladores quando são instados a criar leis afetas ao Meio Ambiente, especialmente quando assistimos ano a ano os problemas climáticos se agravarem em razão do desmatamento desordenado e das ações predatórias contra nossos biomas e áreas de reservas dos povos originários. O Senado aprovou, na semana passada, uma nova lei ambiental que, a longo prazo, deve piorar os eventos climáticos e, a médio prazo, servir como justificativa para mercados europeus criarem barreiras restritivas aos nossos produtos. A decisão dos senadores significou um retrocesso descomunal na preservação do ecossistema no ano em que o Brasil sedia a COP 30.

AFROUXAMENTO

A nova lei permite a emissão automática de licenças com base na autodeclaração de quem vai empreender, sem uma análise técnica anterior, exceto em projetos considerados de alto risco. Nessa toada, empresas de mineração que emitem inúmeros elementos altamente poluidores são beneficiadas. É um afrouxamento que abre a “porteira legal para a boiada”.

ALINHAMENTO

Para surpresa de quem acusava o senador Confúcio Moura (MDB) de inimigo do agronegócio, o relator desse monstrengo jurídico foi exatamente o senador rondoniense que, entre outros jabutis, acatou uma emenda que abre caminho para o desmatamento da combalida Mata Atlântica. A postura de Moura surpreendeu devido às suas posições anteriores em defesa das nossas riquezas naturais. Este alinhamento provocou reações duras entre os ambientalistas.

LOROTA

Daqui para a frente bastará à agropecuária preencher um formulário auto declaratório para que suas atividades sejam liberadas, sem qualquer verificação sobre impactos ambientais.  Os apoiadores da lei alegam que o aumento de punições e uma boa fiscalização resolve o assunto, embora estados e municípios, em todo o país, não conseguem atuar corretamente contra empreendimentos rurais, seja por falta de pessoal para fiscalizar, seja por ingerência política. É uma lorota achar que a fiscalização vai conter o avanço sobre o Meio Ambiente.

MARINA

A ministra Marina Silva é uma militante de carteirinha do ambientalismo e com posições firmes que beiram ao extremismo. Mas é sem dúvida uma voz que consegue reverberar num mundo digital e que influencia substancialmente os mercados consumidores estrangeiros. O bate-boca travado entre ela e os senadores no dia de ontem, no Senado Federal, imediatamente ressoou mundo afora com reações fortes contra senadores ávidos em passar a boiada por cima dos nossos biomas. Isto comprova a força do que fala.

RETROCESSO

Podemos enumerar várias críticas à senadora, mas sua visão e luta em defesa dos nossos biomas e por políticas que compatibilizem o desenvolvimento com o ambientalismo merecem aplausos. Marina é uma voz solitária na defesa do ambientalismo e quando fala suscita ódio de um senado misógino e cada vez mais distante daquela casa de velhos sábios. O senador rondoniense Marcos Rogério (PL) deveria ter temperança no que fala numa casa inspirada em Rui Barbosa. Ao ordenar para que a ministra se ponha em seu lugar, nosso senador revelou a cara mais reacionária e pequena da nossa Câmara Alta, e o fez sabedor que em Rondônia a maioria das vozes, inclusive femininas, concordam com a grosseria e com a ordem por ele emitida e por ela sabiamente rechaçada. Vivemos tempos bicudos e com massa cinzenta atrofiando nossas percepções. Precisamos de mais Marinas aos borbotões.

MEDIOCRIDADE

O deputado federal Thiago Flores surpreendeu nas redes sociais com uma peça publicitária hilária ao se colocar como um candidato a governador que desafia o sistema e com uma ficha de antecedentes primária. Na gravação de menos de um minuto percebemos que a candidatura não passa de um blefe para criar manchetes. Nesta perspectiva a peça foi um sucesso porque o apagado parlamentar federal conseguiu alguns minutos de fama, visto que o trabalho legislativo em Brasília é medíocre. Ele mesmo revela que a desafiadora candidatura ficha limpa está condicionada à limpeza da ficha suja de Ivo Cassol, ocorrendo, ele retira para apoiar o ex-governador.

EUNUCO

Essa contradição entre sua primariedade de Flores e os antecedentes de Ivo Cassol não é a única incoerência na encenação do dublê de comediante e parlamentar no baixo clero do Congresso Nacional, nos sessenta segundos da peça veiculada nas plataformas digitais do parlamentar. O que vemos é a impotência de um político que nada tem a mostrar ao eleitor senão a revelação de que esquenta o lugar de candidato a governador para um suposto candidato que está inelegível e continuará inabilitado para as eleições de 2026. Nosso Flores está caminhando para virar mais um eunuco da política rondoniense.

SUPÉRSTITE

Esta coluna escreveu quatro anos atrás, quando algumas viúvas da “Cassolândia” garantiam o donatário da Vila Cassol como apto a concorrer, que Ivo Cassol estaria inelegível na época e continuaria para a eleição de 2026. A coluna reafirma o que escreveu porque não há nada, absolutamente nada de novo no horizonte que modifique essa realidade.

EGOCÊNTRICO

Cassol é sem dúvida um caso a ser estudado pelos cientistas políticos uma vez que virou ficha suja por razões que muitos abominam na política, além de permanecer com saudade das suas grosseiras, sentem nostalgia do seu jeito de tratar o público como privado, e do seu governo 16 anos depois. Como objeto de estudo seria bom vê-lo numa disputa onde as plataformas digitais são as vedetes e expõem verdades e mentiras no mesmo patamar, bem distinta da campanha que disputou vinte anos atrás. A campanha digital é como nuvem e Cassol é um torrencial de memes para todas as plataformas. A verdade é que a mentira de ontem, assombra hoje, uma realidade virtual futura. Cassol é uma realidade de ontem, uma ficção eleitoral no presente e sem futuro político daqui para frente. Como cabo eleitoral há controvérsias, seja agora, seja amanhã, em razão do ego.

GASTANÇA

Ninguém é contra que sejam investidos alguns milhões do tesouro estadual em atividades que atraiam mais investimentos para Rondônia. A feira Rondônia Rural criada ainda pelo governador Confúcio Moura e pelo então prefeito Jesualdo Pires, de Ji-Paraná, cresceu e chamou a atenção dos investidores de vários países. Cada centavo gasto na preparação do evento é bem investido em razão do retorno econômico. O agro rondoniense é muito forte, assim como a agricultura familiar. Mas é condenável quando o gasto tenha aparência perdulária, como é o caso da contratação do influencer Caio Coppola que percebeu a bagatela de sessenta mil reais da Assembleia Legislativa para fazer uma palestra com um tema desconexo do objetivo da feira. Esta gastança é inconcebível e necessita de lupa para ser avaliada sua finalidade pelos órgãos de controle, mesmo a feira sendo um sucesso.

PIONEIRO

É preciso registrar o pioneirismo de Reditário Cassol, patriarca da família, que ajudou a construir em Rondônia o agronegócio quando o ex-território ainda derrubava suas árvores para dar lugar aos pastos. Reditário não foi um político que mereça um panteão, mas foi uma figura notável na luta pelas consolidações de vários municípios na Zona da Mata e um pioneiro no agronegócio rondoniense. Ficará na memória política por suas falas caricatas em açoitar meliantes, mas no desenvolvimento estadual fincou raízes firmes e merecedoras de aplausos.

CONVITE

No último final de semana o ex-prefeito Hildon Chaves abriu as portas da sua mansão para receber o prefeito de Cacoal Adailton Fúria e o mandatário do PSD de Rondônia, Expedito Junior. Entre um gole e outro de um bom líquido precioso, Fúria aproveitou a animação e tascou um convite para que o ex-prefeito da capital aceitasse ser seu vice-governador nas eleições de 2026. Foi a senha para mudar o humor de Chaves, avinagrar o vinho e acabar com a conversa. Hildon, que esperava ser ele convidado para a cabeça da chapa governamental, ficou “P” da vida com o convite e encerrou o regabofe antes dos petiscos serem servidos.

ESTAFETA

Quem conhece Hildon Chaves na intimidade sabe o quanto o ego ficou machucado com o papo entabulado pelos visitantes. Expedito Júnior não é mais aquele estafeta que o ex-prefeito acionava quando necessitava e ele (Hildon) já não é o dono dos noventa por cento dos votos da capital como exaustivamente propagava.

FORRÓ

Léo Moraes tem aproveitado as datas festivas da capital para reunir multidões em eventos comemorativos bem familiares. Na semana passada, por três dias, reuniu no parque ao lado do Porto Velho Shopping centenas de pessoas numa festa junina antecipada e que registrou a participação de várias famílias que se divertiram com segurança em uma organização impecável do evento. No dia a dia da administração o prefeito tem dado conta do recado, embora na saúde exija mais atenção por ser uma área nevrálgica e que precisa de muitos investimentos. É uma área ainda deficiente em razão também de um secretário incapaz de superar os desafios. Mas Léo tem dado conta do riscado.

BARULHO

Há no ar muito barulho para acontecer em junho e que não são os balões e foguetórios de São João. Muita gente vai dançar em descompasso e fora do tom. A ver!

AUTOR: ROBSON OLIVEIRA





COMENTÁRIOS: