Clima desregulado, atraso na formação das praias e ação de caçadores colocam em risco a reprodução das tartarugas-da-Amazônia e ameaçam o equilíbrio de todo o bioma.
Nesta sexta-feira, 26, o jornalista Cícero Moura, titular da coluna Espaço Aberto, aborda os impactos do atraso da desova das tartarugas-da-Amazônia, os sinais de desequilíbrio no ciclo de aves, a falta de fiscalização dos órgãos ambientais e a pressão do contrabando na região do Guaporé, destacando ainda a atuação do Exército e o alerta de ambientalistas sobre uma possível tragédia silenciosa no ecossistema amazônico.
DESOVA ATRASADA
As tartarugas-da-Amazônia, que por séculos repetiram o mesmo ciclo de vida, estão agora diante de um obstáculo que pode custar sua sobrevivência.
CLIMA
O clima desregulado atrasou a formação das praias e a areia firme simplesmente não apareceu no tempo certo.
AREIA
Sem chão para cavar, não há lugar para desovar.
RISCO REAL
O resultado é alarmante: ninhos vazios, fêmeas desorientadas e um risco concreto de uma geração perdida.
RESISTÊNCIA
Apenas alguns tracajás, com enorme esforço, conseguiram depositar seus ovos em condições precárias.
INSUFICIENTE
Mas isso não é suficiente para sustentar a continuidade da espécie.
DESEQUILÍBRIO
Até as garças, que costumam colocar ovos em maio, só agora conseguiram iniciar seus ninhos.
DESEQUILÍBRIO 2
É como se todo o relógio biológico do bioma tivesse sido virado de cabeça para baixo.
DUVIDA
A natureza tenta se adaptar, mas a incerteza é a nova regra.
ALERTA
Se o fenômeno se repetir nos próximos anos, a Amazônia poderá enfrentar uma tragédia ambiental silenciosa.
ALERTA 2
A quebra de cadeias inteiras de reprodução, afetando não só as tartarugas e aves, mas todo o ecossistema que delas depende.
PONTO DE RUPTURA
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Não se trata mais de previsão distante. É o presente que já mostra sinais de colapso.
FATO
O atraso das praias e a mudança nos ciclos naturais evidenciam um bioma em sofrimento, exposto a um futuro incerto.
URGÊNCIA
A Amazônia não pode esperar. É hora de ciência, ação e políticas sérias de preservação.
CONSTATAÇÃO
Cada ovo que deixa de eclodir hoje pode significar uma ausência irreversível amanhã.
INVASÃO
O ambientalista Zeca Lula, da Associação Eco Vale, diz que boa parte do problema foi causada por caçadores que exploram a região.
ACAMPAMENTO
Em busca da carne e do casco das tartarugas, os caçadores montam acampamentos nas proximidades das praias para surpreender os animais.
DISFARCE
Para escapar da ação das autoridades, eles costumam mentir que são turistas conhecendo e visitando a região.
POUCO CASO
Como o IBAMA e a SEMA fazem de conta que fiscalizam, o contrabando e o abate ocorrem sem perturbação.
EXÉRCITO
O problema só não é mais grave porque militares do Pelotão de Fronteira, sediado junto ao Forte Príncipe da Beira, na região de Costa Marques, fiscalizam com frequência as águas internacionais do Guaporé.
EXERCITO 2
O Pelotão tem 70 homens, atua na segurança da soberania nacional, auxilia ribeirinhos em emergências sociais e de saúde e ainda tem que cobrir a negligência dos governos federal e estadual.
REALIDADE
Nesse momento não há mais nada a fazer para salvar as tartarugas na desova e eclosão deste ano.
REALIDADE 2
De um milhão e 400 mil filhotes de quelônios que costumam nascer todos os anos, os ambientalistas garantem que se apenas 10% desse total sobreviverem, já será considerado um ganho histórico para a Amazônia, em Rondônia.
FRASE
O silêncio das praias é o grito mais alto da natureza: se não cuidarmos dela, não haverá futuro para ninguém.
