A abstenção próxima a 30% do eleitorado nas eleições municipais de 2024 é um recado para as elites brasileiras
Prof. Herbert Lins – DRT 1143
06/11/24 – quarta-feira
Para quem não sabe, o baiano Milton Santos foi o mais importante geógrafo brasileiro que viveu. Ele escreveu 40 livros, mais de 300 trabalhos científicos, deu aulas em universidades europeias, norte-americanas, latino-americanas e africanas. Além disso, recebeu o título de doutor honoris causa em mais de 20 universidades pelo mundo. Certa vez, ele disse: “Existem apenas duas classes sociais, a dos que não comem e a dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem.” Essa frase é uma provocação para analisar o fenômeno da abstenção próxima de 30% do eleitorado no segundo turno das eleições municipais de 2024. Diante desse dado, é possível perguntar se as abstenções são um recado para as elites brasileiras perceberem que existe uma revolução silenciosa pronta para explodir? Mas quem seriam os revolucionários? São indivíduos indignados com as elites ocupantes dos espaços de poder e de tomada de decisões que vivem em castelos funcionais e mansões em condomínios de luxo? Nossas elites não têm um projeto de poder nacional para educação, ciência, tecnologia, energia, indústria, modernização e desenvolvimentista para o país. É preciso prestar atenção nos recados dados pelos eleitores nas urnas e debater racionalmente o país que somos e o país que desejamos.
Devolveu
O Brasil se perdeu no projeto nacional de desenvolvimento, principalmente quando explodiram os escândalos de corrupção no Governo Lula I e II. Para agravar, depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), devolveu um terço da população brasileira à condição primitiva do cada um por si nas franjas urbanas das cidades brasileiras.
Percebeu
Quem são esses brasileiros que vivem em condições primitivas? São aqueles seres humanos vivendo em selvas de pedra sem condições mínimas de sobrevivência. Além disso, a grande maioria da população brasileira percebeu a redução das noções de moralidade pública e particular a um quase nada no jogo do poder.
Semelhantes I
Compare os dados do TSE em relação às abstenções no segundo turno nas últimas eleições: 2000 (16,2%); 2004 (17,3%); 2008 (18,1%); 2012 (19,1%); 2016 (21,6 %); 2020: (29,53% – pandemia); 2024 (29,26%). Neste caso, com ou sem pandemia, os números de abstenção nas urnas foram semelhantes.
Semelhantes II
Para análise completa, apresentamos também os dados das abstenções no segundo turno nas últimas eleições, segundo o TSE: 2000 (14,8%); 2004 (14,2%); 2008 (14,5%); 2012 (16,4%); 2016 (17,6%); 2020 (23,2% – pandemia); 2024 (21,7%). Nas últimas eleições municipais, em relação ao primeiro turno, também tivemos o número de abstenções dos eleitores bastante semelhante.
Abstenção
O índice de abstenção de eleitores no primeiro turno ficou em 21,7%. O número de ausentes correspondeu a 29,26% do eleitorado que estava apto a votar no segundo turno. A Ministra Carmem Lúcia, que preside o TSE, prometeu estudos para analisar de forma regionalizada o que pode ter provocado os altos índices de abstenção.
Estudo
Não precisa fazer um estudo aprofundado para compreender que a abstenção dos eleitores nas urnas no primeiro turno é menor porque os candidatos a vereadores estão envolvidos em levar o eleitor para votar. Já no segundo turno, a eleição fica por conta dos candidatos majoritários, ou seja, dos candidatos a prefeitos, poucos vereadores eleitos, não reeleitos e suplentes. Contudo, é preciso prestar atenção no recado dos cidadãos indignados através das urnas. Contudo, existe o percentual de eleitores indignados com o comportamento da classe política em escala nacional, estadual e local.
Observador
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Na coluna de 27 de julho, quando a vice-presidente Kamala Harris sucedeu o presidente democrata Joe Biden na corrida pela Casa Branca nos EUA, me limitei a afirmar que ela recebia a missão de ser a protagonista da luta do bem contra o mal. Desde então, passei a ser um observador da corrida presidencial nos EUA e deixei de abordar a temática na coluna.
Foquei
Durante minhas observações e análises, fiz muitas anotações, principalmente em relação a dados de pesquisas qualitativas e dos discursos dos candidatos Donald Trump (Republicanos) e Kamala Harris (Democratas). Nas observações que fiz, foquei nos sentimentos e percepções dos eleitores estadunidenses em relação as promessas de campanha de ambos candidatos em relação à economia, política externa e processos migratórios.
Eleições I
No segundo turno das eleições municipais de 2020 em Porto Velho, o prefeito Hildon Chaves (PSDB) foi reeleito com 109.992 votos (54,45%). A candidata adversária, Cristiane Lopes (PP), obteve 92.015 votos (45,55%). Os votos em branco: 5.845 (2,67%); nulos: 11.353 (5,18%); abstenções: 113.826 (34,18%).
Eleições II
Em Porto Velho, 362.338 eleitores podiam votar nas eleições municipais de 2024. O prefeito eleito Léo Moraes (Podemos) venceu o pleito eleitoral no segundo turno com 135.118 votos, o que representa 56,18% dos votos válidos. A candidata Mariana Carvalho (União Brasil), que chegou em primeiro no segundo turno, obteve 105.406 votos (43,82%).
Fenômeno
Um dado curioso nas eleições municipais de 2024 em Porto Velho é que o fenômeno do candidato que chega em primeiro no segundo turno perde para o segundo colocado. Neste caso, a candidata Mariana Carvalho (União Brasil) chegou ao segundo turno com 111.329 votos (44,53%) e o candidato Léo Moraes (Podemos) com 64.125 votos (25,65%).
Explicação
No segundo turno, a candidata Mariana Carvalho (União Brasil) não conseguiu ultrapassar o seu teto de votos e ainda perdeu 5.923 votos (0,71%). Qual a explicação? Os erros acumulados do marketing e das estratégias eleitorais. Além disso, a população tomou conhecimento dos meandros dos bastidores eleitorais.
Significa
Contudo, 362.338 eleitores podiam votar nas eleições municipais de 2024 de Porto Velho, a abstenção foi de 30,63% no segundo, o que significa que 110.962 eleitores não compareceram para votar. Foram registrados votos em branco 3.619 (1,44%) e nulos 7.143 (2,84%). Números que precisam ser considerados pela classe política local nas próximas eleições.
Líder
O vereador eleito Dr. Breno Mendes (Avante), conhecido como fiscal do povo, está cotado para ser o líder do prefeito eleito Léo Moraes (Podemos). A escolha de Breno recai sobre o seu histórico de lealdade e fidelidade ao ex-deputado estadual Alexandre Brito; ex-senador Expedito Júnior; ao ex-deputado estadual Jair Montes e ao prefeito Hildon Chaves.
Sério
Falando sério, o índice de abstenção nas eleições municipais de 2024 no país, foi o segundo mais alto já registrado, atrás das eleições de 2020, marcada pela pandemia da covid-19. Os partidos, a classe política e os profissionais do Marketing precisam começar a compreender o interesse do eleitorado na política no sentido de atrair a sua participação nas urnas.
AUTOR: HERBERT LINS