A concessionária também foi alvo de CPI, que, como sempre, não deu em absolutamente nada
Porto Velho, RO – A trajetória da Energisa em Rondônia é um acúmulo de abusos, desrespeito e manipulação. Com uma dívida que ultrapassa os R$ 3 bilhões ao Estado, a empresa segue operando livremente e colecionando reclamações. Em uma realidade distorcida, onde quem deve é a própria concessionária, mas quem paga caro é o consumidor, a Energisa se torna um verdadeiro peso para Rondônia. Como o personagem Jaiminho, do seriado Chaves, a empresa parece “fadigada” do trabalho que deveria prestar, empurrando suas obrigações para o cliente. Os consumidores, assim, são forçados a realizar a leitura dos próprios relógios de consumo para evitar a “leitura por média”. Trabalham de graça para a empresa para não serem penalizados com contas inflacionadas. É um abuso que beira o escárnio, um tapa na cara de uma população que só quer o básico: uma energia estável e um atendimento digno.
E o deboche não para por aí. Em uma campanha publicitária amplamente criticada, a Energisa contratou o humorista Paulo Vieira para ironizar os rondonienses que sofrem com tarifas abusivas. Vieira, trajado como uma “conta” de energia, sugeriu que o clima quente e os próprios hábitos dos consumidores seriam os culpados pelos valores astronômicos das contas. Em um ato que só aumentou a indignação popular, ele até recomendou “chupar um sorvete” para “esfriar a cabeça”. Enquanto isso, os clientes rondonienses — muitos deles pequenos comerciantes que amargam prejuízos por quedas constantes de energia — assistem, impotentes, a esse espetáculo de deboche.
A Assembleia Legislativa de Rondônia, mesmo com a CPI presidida pelo deputado Alex Redano e relatada pelo ex-deputado Jair Montes, não conseguiu frear os desmandos da Energisa. Os relatórios foram encaminhados para o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União, mas até agora, nada aconteceu. O pronunciamento recente do deputado Rodrigo Camargo destaca o acúmulo de dívidas da Energisa com o Estado e escancara a inércia das autoridades. Camargo apontou o paradoxo cruel que paira sobre Rondônia: enquanto uma empresa endividada com bilhões continua operando impunemente, o consumidor que atrasa a conta por alguns dias tem sua energia cortada com eficiência impiedosa. “É um tapa na sua cara, na minha cara, na cara dessa casa”, desabafa o deputado.
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Como é possível que uma concessionária com uma dívida tão elevada mantenha suas certidões negativas e continue abusando do consumidor? A resposta parece estar na conveniência de alguns e na omissão de muitos. Políticos que se elegeram com o discurso de enfrentar a Energisa parecem ter se acomodado em suas cadeiras, limitando-se a gestos vazios, notas de repúdio e promessas esquecidas. A cada eleição, a mesma retórica firme; mas na prática, muitos abandonam a causa ou simplesmente mantêm silêncio enquanto a concessionária continua a impor um serviço deficitário e abusivo. Rondônia merece mais do que promessas vazias.
Enquanto a Energisa lucra, o rondoniense sofre. Para os que vivem em localidades como Rolim de Moura e Ariquemes, a realidade das quedas constantes de energia não é apenas um transtorno, é uma ameaça à saúde e ao sustento. Crianças recém-nascidas, comerciantes que veem produtos perecíveis estragarem e famílias inteiras são obrigadas a abandonar suas casas para buscar abrigo em hotéis com geradores. E a resposta da Energisa é sempre a mesma: o silêncio, o desprezo e, claro, uma conta com valores cada vez mais absurdos.
O cenário é insustentável, e a culpa não é apenas da Energisa. A omissão das autoridades transforma a empresa em uma gigante intocável, que debocha do consumidor, acumula dívidas bilionárias e ainda se beneficia da inércia de quem deveria representá-lo. A população rondoniense não pode mais ser refém desse serviço desastroso e explorador. É hora de exigir respeito e, sobretudo, uma ação concreta de quem se elegeu prometendo combater os abusos.
AUTOR: INFORMA RONDÔNIA